Num mês normal, é usual contar entre 5 a 10 passagens próximas de asteróides nas vizinhanças da Terra. Nestes casos, os asteróides costumam ser tão grandes como montanhas, ou pelo menos com o tamanho típico de um campo de futebol. No dia 27 de Setembro, um asteróide passou a apenas 88 000 km da Terra, a menos de um quarto da distância que nos separa da Lua. No entanto, este asteróide é único pois tem um diâmetro de apenas 3 a 6 metros, em claro contraste com os outros casos. Designado por 2003 SQ222, este asteróide foi observado poucas horas após a aproximação. Foram obtidas imagens de CCD que permitiram obter os parâmetros da órbita do asteróide com alguma precisão.

Embora sejam já conhecidos asteróides mais pequenos que passaram mais perto, este é muito provavelmente o asteróide mais pequeno para o qual foi possível obter uma órbita fiável. Isto deveu-se a uma excelente coordenação de observações realizadas no Observatório Lowell (EUA) com observações efectuadas com um pequeno telescópio de 30 cm pelo astrónomo amador britânico Peter Birtwhistle, nas proximidades de Londres.

Observações posteriores, realizadas a 2 de Outubro no Observatório de La Palma (Ilhas Canárias, Espanha) com o Telescópio Isaac Newton de 2,5 m, permitiram determinar aquilo que os astrónomos designam por distância mínima orbital, isto é, a distância mínima entre a órbita do asteróide e a órbita da Terra. O valor obtido foi ligeiramente superior a 4 vezes o raio terrestre (ou cerca de 27 000 km). Isto explica porque era impossível o asteróide atingir a Terra. Se um asteróide do tamanho de 2003 SQ222 entrasse na atmosfera terrestre, seria rapidamente desintegrado na alta atmosfera, com uma energia equivalente à de uma pequena bomba atómica.

Curiosamente, coincidência ou não, uma grande chuva de meteoros foi relatada na Índia, cerca de 10 horas antes da passagem próxima de 2003 SQ222. Poderiam o asteróide e os meteoros constituir fragmentos de uma asteróide maior que se desintegrou devido a uma colisão com outro asteróide, ou devido às forças de maré numa passagem anterior nas proximidades da Terra? Embora pareça muito pouco provável, estão em marcha estudos para testar esta hipótese. Será que 2003 SQ222 fará outra passagem próxima da Terra, digamos na próxima década? É difícil de dizer, uma vez que órbita inferida das observações não é suficientemente precisa para uma previsão a 10 anos.

Estima-se que deverão existir cerca de 500 milhões de asteróides com órbitas de intersecção com a órbita terrestre, com o tamanho de 2003 SQ222 ou maiores. Destes, cerca de 3 000 passam todos os anos a uma distância inferior à da Lua, dos quais cerca de 100 devem passar mais perto do que 2003 SQ222. A uma velocidade média de 17 km/s, o tempo de permanência de qualquer destes asteróides num raio inferior à distância que nos separa da Lua é inferior a 8 horas. Logo, é provável que talvez um par de asteróides semelhantes a 2003 SQ222 se encontrem hoje mesmo entre nós e a Lua. A razão pela qual não vemos mais destes pequenos objectos prende-se com o facto de eles se moverem no céu demasiado depressa para que possam ser detectados com as câmaras de CCD.

Fonte da notícia: star.shtml ">http://www.usyd.edu.au/news/newsevents/articles/2003/sep/16_star.shtml