Paleontóloga com nova teoria para extinção dos dinossauros

2003-10-27

Gerta Keller e um Tyrannossaurus Rex. Crédito: Museu de História Natural da Universidade de Princeton (EUA).
Enquanto paleontóloga, Gerta Keller (Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Princeton, EUA) tem estudado vários aspectos da história da vida na Terra. Mas, recentemente, a pergunta que a tem interessado é aquela que qualquer criança invariavelmente coloca a um adulto: O que matou os dinossauros?

Na última década, as respostas com que Keller se tem vindo a deparar colocam-na sem dúvida numa minoria de cientistas que acreditam que a história da extinção em massa
massa
A massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
dos dinossauros é muito mais complexa do que a teoria familiar dominante: a de que um asteróide
asteróide
Um asteróide é um pequeno corpo rochoso que orbita em torno do Sol, com uma dimensão que pode ir desde os 100 m até aos 1000 km. A maioria dos asteróides encontra-se entre as órbitas de Marte e de Júpiter. Também são designados por planetas menores.
atingiu a Terra há 65 milhões de anos, causando uma extinção em massa, naquilo que hoje se designa por impacto da transição Cretáceo-Terciário.

A pesquisa levada a cabo por Keller, assim como por outros investigadores, parece indicar que, em vez de um único acontecimento, é provável que tenha havido antes uma sequência de acontecimentos responsáveis pela extinção em massa dos dinossauros: um período de intensa actividade vulcânica aliada a uma série de impactos de asteróides. Embora um asteróide ou cometa
cometa
Os cometas são pequenos corpos irregulares, compostos por gelos (de água e outros) e poeiras. Os cometas têm órbitas de grande excentricidade à volta do Sol. As estruturas mais importantes dos cometas são o núcleo, a cabeleira e as caudas.
tenha muito provavelmente colidido com a Terra na altura da extinção dos dinossauros, esse acontecimento deve ser interpretado como tendo sido a "gota de água", e não a causa própria do desaparecimento dos dinossauros.

Há mais de uma década que a teoria prevalecente admite a cratera de impacto
cratera de impacto
As crateras de impacto são depressões circulares resultantes de colisões entre corpos pequenos (por exemplo cometas, asteróides ou meteoritos) e a superfície de corpos celestes maiores, tais como planetas ou satélites naturais. As crateras de impacto possuem geralmente um bordo levantado, formado pelo material ejectado aquando da colisão.
de Chicxulub no México como o vestígio do acontecimento que levou à extinção dos dinossauros. Contudo, os estudos de Keller parecem indicar que a cratera de Chicxulub provavelmente não coincidiu com a transição Cretáceo-Terciário. Pelo contrário, o impacto que provocou esta cratera foi provavelmente mais pequeno do que originalmente se pensou, e deverá ter ocorrido cerca de 300 mil anos antes da extinção em massa! Ou seja, Keller defende que o golpe final nos dinossauros deverá ter ocorrido noutro lugar da Terra, ainda por descobrir.

Ao contrário do que se possa pensar, Keller não trabalha com fósseis de dinossauro, mas sim com organismos unicelulares, designados por foraminifera, que povoam os oceanos evoluíram rapidamente ao longo dos períodos geológicos. Algumas destas espécies existem apenas durante algumas centenas de milhar de anos, antes de serem substituídas por outras espécies. Assim, os restos fósseis destas espécies de "vida curta" constituem um meio poderoso de datar períodos geológicos próximos da altura em que estas espécies viveram.

Numa série de viagens de estudo ao México, Keller descobriu vestígios de populações de foraminifera anteriores à transição Cretáceo-Terciário presentes nos detritos (rochas derretidas ejectadas aquando do impacto), em plena cratera de Chicxulub! Isto indica que o impacto deverá ter ocorrido 300 mil anos antes da transição Cretáceo-Terciário! Em 2002, uma outra expedição à cratera de Chicxulub, na qual Keller participou, foi realizada de modo a perfurar o solo da cratera até uma profundidade de 1 511 metros para obtenção de amostras. Os resultados parecem mostrar que, depois do impacto, o período Cretáceo ainda perdurou por mais 300 mil anos.

Os cientistas estudam agora os efeitos de poderosas erupções vulcânicas que se julga terão começado 500 mil anos antes da transição Cretáceo-Terciário, e que causaram um período de aquecimento global na Terra.

Fonte da notícia: http://www.princeton.edu/pr/news/03/q3/0925-keller.htm