Europa é a quarta maior lua de Júpiter e a menor das luas de Galileu. A sua superfície está coberta por uma camada de gelo, onde se destacam grupos de enormes afloramentos de gelo (ver imagem), alguns com mais de seis quilómetros de diâmetro e 100 metros de altura. Até recentemente, R. Pappalardo e A. Barr, da Universidade do Colorado em Boulder (EUA), acreditavam que estes misteriosos afloramentos se tinham formado a partir de blocos de gelo do interior da camada de gelo que eram empurrados para a superfície devido ao upwelling térmico causado pelo gelo mais quente a maior profundidade.

Mas um estudo realizado por estes cientistas indica que, afinal, a formação dos afloramentos requer também a existência de pequenas quantidades de impurezas, tais como cloreto de sódio ou ácido sulfúrico, no gelo. Estes compostos derretem o gelo a temperaturas baixas, permitindo que blocos de gelo mais quentes e mais puros forcem a superfície gelada, criando os "montes" de gelo. Os novos modelos criados por estes investigadores indicam que é a combinação do fenómeno de upwelling do gelo mais quente e interior, com a presença de pequenas quantidades de impurezas, que fornece a força necessária à formação destes afloramentos.

Europa está sob a acção de forças de maré fortes na sua órbita à volta de Júpiter, o que provoca o aquecimento do seu interior. O gelo mais quente e profundo atravessa a camada de gelo mais superficial e fria, derretendo mais facilmente as regiões impuras pelo caminho. Os blocos menos densos podem continuar a elevar-se até à superfície, formando os afloramentos de gelo que se observam.

Acredita-se que Europa possui, por baixo dos 20 km de gelo mais superficiais, um oceano. É interessante notar que, se existe ou existiu alguma forma de vida aí, esta pode ser trazida à superfície na formação dos afloramentos (para os micróbios, seria como apanhar um elevador!) Na superfície de Europa é praticamente impossível qualquer tipo de vida por causa do constante bombardeamento de radiação devido ao forte campo magnético de Júpiter.

A ideia de que pequenas quantidades de cloreto de sódio ou ácido sulfúrico podem ajudar a criar os afloramentos de gelo em Europa surgiu pelo conhecimento da existência de casos semelhantes na Terra, que também ocorrem em grupo, e se formam em regiões áridas. Na Terra, é o sal que é suficientemente leve para se mover para cima através das fendas e fissuras das formações rochosas, formando conjuntos de afloramentos à superfície.

Em concordância com este estudo, imagens de Europa obtidas no infravermelho pela sonda Galileu (NASA) parecem indicar que algum do gelo à superfície destes "montes" está contaminado. As impurezas observadas à superfície dão pistas sobre a composição interna da lua de Júpiter, nomeadamente, a existência de uma camada de gelo salgado.

Fonte da notícia: http://www.colorado.edu/news/releases/2003/340.html