Poderemos nós encontrar vida em sistemas solares muito diferentes do nosso?

2003-10-03

Visão artística de um planeta extra-solar em torno da sua estrela. Crédito: JPL/NASA.
Como seria de esperar, os cientistas têm vindo a pensar que a busca de vida, noutros locais que não a Terra, deve concentrar-se em planetas
planeta
Um planeta é um objecto que se forma no disco que circunda uma estrela em formação e cuja massa é superior à de Plutão (1/500 da massa da Terra) e inferior a 10 vezes a massa de Júpiter. Ao contrário das estrelas, os planetas não produzem luz, apenas reflectem a luz da estrela que orbitam.
, semelhantes à Terra, que orbitam estrelas
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
semelhantes ao nosso Sol
Sol
O Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilómetros.
. Contudo, este estudo agora divulgado vem mostrar que todas as hipóteses permanecem em aberto. Isto porque o estudo indica que a missão SIM (do inglês Space Interferometry Mission), uma futura missão da NASA
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
, deverá ser capaz de detectar planetas habitáveis nas proximidades de estrelas com massas
massa
A massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
significativamente superiores à massa do Sol
massa solar
Massa solar é a quantidade de massa existente no Sol e, simultaneamente, a unidade na qual os astrónomos exprimem as massas das estrelas, nebulosas e galáxias. Uma massa solar é igual a 1,989x1030 kg.
. Apesar do seu lançamento estar previsto para 2009, a missão SIM enfrenta uma dificuldade. A NASA considera a hipótese de desviar fundos desta missão para manter o Telescópio Espacial Hubble
Hubble Space Telescope (HST)
O Telescópio Espacial Hubble é um telescópio espacial que foi colocado em órbita da Terra em 1990 pela NASA, em colaboração com a ESA. A sua posição acima da atmosfera terrestre permite-lhe observar os objectos astronómicos com uma qualidade ímpar.
para além do seu tempo de vida previsto (2010).

A missão SIM pode dar um contributo importante na detecção de planetas habitáveis. A chave consite em descobrir um planeta que orbite a sua estrela à distância compatível com a existência de água no estado líquido na sua superfície. Esta gama de distâncias, que dependem naturalmente do tipo de estrela em causa, define aquilo que os astrónomos chamam de Zona Habitável
Zona Habitável
A zona habitável de uma estrela ou de um sistema solar é a região, definida em termos da distância à estrela, que é compatível com a existência de água no estado líquido na superfície de um planeta aí colocado.
. Naturalmente, a Terra encontra-se dentro da zona habitável do nosso Sistema Solar
Sistema Solar
O Sistema Solar é constituído pelo Sol e por todos os objectos que lhe estão gravitacionalmente ligados: planetas e suas luas, asteróides, cometas, material interplanetário.
. Já Vénus
Vénus
É o segundo planeta mais próximo do Sol. Em termos de dimensões e massa é muito semelhante à Terra. A sua caracteristica mais marcante é possuir uma atmosfera de CO2 muito densa e um efeito de estufa muito intenso.
e Marte
Marte
Marte é o quarto planeta do Sistema Solar, a contar do Sol. É o último dos chamados planetas interiores. O seu diâmetro é cerca de 50% mais pequeno do que o da Terra e possui uma superfície avermelhada, sendo também conhecido como planeta vermelho.
encontram-se no limite dessa mesma zona.

Para estrelas mais quentes do que o Sol, e com maior massa, a zona habitável deverá então ocorrer a maiores distâncias da estrela central. Mas não é por serem mais quentes do que o Sol que os astrónomos acham que é pouco provável encontrar sinais de vida perto deste tipo de estrelas. Não se trata de um problema da temperatura da estrela, mas sim do tempo escasso que estas estrelas quentes têm para viver: as estrelas quentes vivem menos tempo! As suas vidas são curtas, talvez curtas demais para que alguma forma de vida possa ter tempo de despontar e evoluir nalgum planeta em torno delas. Por exemplo, uma estrela com uma massa 1,5 vezes maior do que a massa do Sol vive apenas cerca de 2 mil milhões de anos (o Sol, tendo já 5 mil milhões de anos, deverá viver outros tantos!).

Sabemos que na Terra foram necessários 4,5 mil milhões anos de evolução para chegarmos à vida tal como a conhecemos e observamos hoje. Será que a vida teria alguma hipótese de evoluir num tal sistema solar com um curto tempo de vida? A verdade é que não sabemos a resposta, porque não fazemos ideia de como evoluiria. Precisamente, se conseguirmos detectar um planeta num tal sistema, temos uma excelente oportunidade de observar como se processa a evolução nessas circunstâncias.

Fonte da notícia: http://www.osu.edu/researchnews/archive/habzone.htm