Em busca da água perdida em Marte

2003-09-18

Imagem de Marte obtida pelo telescópio UKIRT, na qual se podem distinguir vários aspectos da superfície de Marte, entre os quais a bacia de impacto Hellas e a região Syrtis Major. Crédito: Jeremy Bailey and Sarah Chamberlain (Anglo-Australian Observatory and Australian Centre for Astrobiology, Macquarie University, Australia), and Chris J. Davis (Joint Astronomy Centre, Hawaii).
O investigador Jeremy Bailey, do Observatório Anglo-Australiano e do Centro Australiano de Astrobiologia da Universidade Macquarie (Sidney), e a sua doutoranda S. Chamberlain afirmam ter obtido a imagem mais nítida de Marte
Marte
Marte é o quarto planeta do Sistema Solar, a contar do Sol. É o último dos chamados planetas interiores. O seu diâmetro é cerca de 50% mais pequeno do que o da Terra e possui uma superfície avermelhada, sendo também conhecido como planeta vermelho.
alguma vez obtida a partir do solo aqui na Terra. Além desta imagem, obtida com o telescópio de 3,8 m UKIRT (do inglês United Kingdom InfraRed Telescope) situado no observatório de Mauna Kea, no Havai (EUA), foram ainda obtidas assinaturas espectrais de minerais marcianos.

Os minerais absorvem alguns comprimentos de onda
comprimento de onda
Designa-se por comprimento de onda a distância entre dois pontos sucessivos de amplitude máxima (ou mínima) de uma onda.
específicos da luz solar, reflectindo outros. Assim, cada mineral possui uma assinatura espectral que lhe é característica. Estes investigadores procuram, em particular, assinaturas de minerais como os minerais de barro hidratado que, segundo os astrónomos e geólogos, é uma indicação de que terá havido água líquida.

Usando esta mesma técnica, baseada em observações espectroscópicas, a sonda Mars Odissey (NASA
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
) mostrou que existe um enorme reservatório de hidrogénio por baixo da superfície de Marte, interpretado pelos astrónomos como sendo devido ao gelo de água. Por outro lado, a missão Mars Global Surveyor (NASA) descobriu quantidades apreciáveis de um mineral designado por hematite cristalina, cuja formação só é possível na presença de água!

Mas será que existiu mesmo água em Marte? Em caso afirmativo, em que quantidades? Estas perguntas continuam sem resposta, sendo motivo de aceso debate na comunidade científica. As próximas missões espaciais, como a Beagle 2 (Reino Unido), com chegada a Marte prevista para o próximo mês de Dezembro, e a Mars Exploration Rovers (NASA), com chegada prevista para Janeiro de 2004, irão naturalmente procurar responder a esta questão.

A partir da Terra, e usando os grandes telescópios agora disponíveis, os astrónomos continuarão a análise das assinaturas espectrais dos minerais na superfície de Marte, procurando igualmente contribuir para o esclarecimento do mistério da água no planeta
planeta
Um planeta é um objecto que se forma no disco que circunda uma estrela em formação e cuja massa é superior à de Plutão (1/500 da massa da Terra) e inferior a 10 vezes a massa de Júpiter. Ao contrário das estrelas, os planetas não produzem luz, apenas reflectem a luz da estrela que orbitam.
vermelho.


Fonte da notícia: http://www.aao.gov.au/press/mars-280803.html