Um grupo de astrónomos britânicos, australianos e norte-americanos descobriu um planeta semelhante a Júpiter em órbita de uma estrela próxima muito parecida com o nosso Sol. De entre a centena de sistemas planetários descobertos até ao momento, este é o que mais se parece com o nosso. A órbita do planeta é como a de Júpiter no nosso Sistema Solar, sendo quase circular, com um raio de três quintos da órbita de Júpiter e não existindo nenhum planeta maior mais próximo da estrela. O planeta foi descoberto com o Telescópio Anglo-Australiano (AAT) de 3.9 metros situado na Austrália. Graças à extrema precisão das medições foi possível encontrar este planeta que é muito mais difícil de detectar que a maioria dos outros planetas mais exóticos encontrados até agora.

O novo planeta, que tem cerca do dobro da massa de Júpiter, completa uma órbita em torno da sua estrela (HD70642) em aproximadamente seis anos. A estrela HD70642 encontra-se na constelação de Puppis (a Popa do Navio) e está situada a cerca de 90 anos-luz da Terra. O planeta está 3,3 vezes mais afastado da estrela do que a Terra do Sol (a metade do caminho entre Marte e Júpiter se estivesse no Sistema Solar).

O objectivo a longo prazo do projecto é a detecção de verdadeiros análogos ao nosso Sistema Solar: sistemas planetários com planetas gigantes em grandes órbitas circulares e pequenos planetas rochosos em órbitas circulares mais curtas. A descoberta de um planeta gasoso gigante parecido com Júpiter em torno de uma estrela próxima é um passo no sentido deste objectivo. A possível descoberta de outros planetas semelhantes, e de satélites planetários, durante a próxima década ajudará os astrónomos a saber se sistemas planetários como o nosso são ou não comuns na Galáxia.

Antes da descoberta dos planetas extra-solares, previa-se que os sistemas planetários seriam em geral semelhantes ao nosso com planetas gigantes em órbitas circulares maiores que quatro vezes a distância Terra-Sol, e com planetas terrestres em órbitas mais interiores. Afinal, os sistemas planetários descobertos resultaram ser muitos mais diversos que alguma vez imaginado. No entanto, estes novos planetas apenas foram encontrados em cerca de um décimo das estrelas onde se procuravam. É possível que planetas do tipo existente no nosso Sistema Solar, muito mais difíceis de detectar, existam em redor da maior parte das estrelas.

A grande maioria dos planetas extra-solares actualmente conhecidos têm órbitas muito elípticas, o que eliminaria a existência de planetas terrestres habitáveis. Anteriormente, o único planeta gasoso gigante encontrado com uma órbita circular três vezes maior que a distância Terra-Sol era o planeta exterior do sistema 47 Ursa Majoris - um sistema que também contém um gigante gasoso a apenas 2 vezes a distância Terra-Sol (o que não acontece no nosso Sistema Solar). A descoberta de um planeta gigante com uma órbita quase circular a 3,3 vezes a distância Terra-Sol da sua estrela - o mais parecido com o nosso Sistema Solar até à data - demonstra que as buscas são suficientemente precisas para encontrar planetas parecidos com Júpiter em órbitas semelhantes à de Júpiter.

Fonte da notícia: http://www.pparc.ac.uk/Nw/Md/Press/HomeFromHome.asp