Um estudo liderado por J. Elliot, do Instituto Tecnológico de Massachussets (EUA), concluiu que a atmosfera de Plutão se encontra em expansão. O facto de Plutão estar a afastar-se do Sol torna este resultado surpreendente, pois previa-se que a atmosfera de Plutão começaria a colapsar quando começasse a arrefecer. Mas na verdade, a temperatura da atmosfera de Plutão não começou a baixar ainda, tendo aumentado cerca de 1°C desde a altura em que a sua órbita o levou mais próximo do Sol, em 1989.

Este aumento de temperatura pode ser visto como um efeito análogo ao que acontece na Terra: apesar do Sol ser mais intenso no seu ponto mais alto ao meio-dia, a altura mais quente do dia só ocorre por volta das 3 da tarde. Como o ano de Plutão equivale a 248 anos terrestres, 14 anos depois da sua maior proximidade com o Sol, a atmosfera de Plutão ainda está a aquecer. Prevê-se que ainda leve 10 anos até começar a arrefecer, o que coincidirá com a chegada da missão Novos Horizontes (NASA) a Plutão, em 2015.

Os resultados baseiam-se na observação de uma ocultação da estrela P131.1 por Plutão, a 20 de Agosto de 2002. As ocultações são eventos do tipo eclipse, em que um objecto (neste caso, Plutão) passa à frente de uma estrela, bloqueando a luz da estrela na nossa direcção. O estudo da diminuição da luz da estrela com o tempo permite aos astrónomos calcularem a densidade, pressão e temperatura da atmosfera de Plutão.

A observação de duas ou mais ocultações em alturas diferentes permite obter informação sobre as alterações na atmosfera do planeta. A estrutura e temperatura da atmosfera de Plutão foi primeiro determinada por uma ocultação em 1988. A passagem breve de Plutão à frente a uma estrela diferente a 19 de Julho levou os investigadores a acreditarem que uma alteração drástica na atmosfera estava a caminho, mas era pouco claro se a atmosfera estava a aquecer ou a arrefecer. Só os dados desta última ocultação permitiram as conclusões aqui apresentadas.

A pressão de vapor da atmosfera de Plutão, predominantemente composta por azoto, encontra-se em equilíbrio com a superfície de gelo, de forma que a sua pressão pode sofrer grandes variações como resposta a pequenas alterações na temperatura do gelo superficial.

Quando a superfície de gelo de Plutão arrefece, condensa-se numa camada branca de gelo que reflecte mais o calor do Sol, arrefecendo mais ainda. Por outro lado, à medida que sujidade e objectos se vão juntando na sua superfície, esta escurece e absorve mais calor, acelerando o efeito de aquecimento - Plutão está a escurecer desde 1954.

Também as mudanças sazonais em Plutão são drásticas, em grande parte devido à elevada excentricidade da órbita de Plutão e à elevada inclinação do seu eixo de rotação com o plano da sua órbita. Por exemplo, desde 1989, a posição do Sol no céu de Plutão alterou-se mais do que a correspondente alteração na Terra que provoca a diferença entre o inverno e o verão. A temperatura da atmosfera de Plutão varia entre –235 e –170°C, dependendo da altitude acima da superfície.

O gelo de azoto na superfície de Plutão pode-se evaporar para a atmosfera quando aquece, provocando um aumento na pressão à superfície. Se o aumento observado na atmosfera também se aplica à pressão da atmosfera – que é provável – isso quer dizer que a temperatura média à superfície do gelo de azoto em Plutão aumentou ligeiramente mais do que 1°C nos últimos 14 anos.

Fonte da notícia: http://web.mit.edu/newsoffice/nr/2003/pluto.html