Modelo permite explicar a Nebulosa da Coruja

2003-07-23

A nebulosa da Coruja. Crédito: Karen Kwitter (Williams College), Ron Downes (STScI), You-Hua Chu (Univ. of Illinois), NOAO, AURA, & NSF.
A nebulosa planetária
nebulosa planetária
As nebulosas planetárias são nebulosas formadas por camadas de gás expelido por estrelas de pequena massa, que terminaram a sua fase de estrela gigante vermelha e se encontram no fim da sua vida. No centro da nebulosa planetária, a estrela transforma-se numa anã branca quente e é a radiação que emite que faz a nebulosa brilhar. As nebulosas planetárias não têm nada a ver com planetas, mas obtiveram o seu nome porque quando observadas através de um pequeno telescópio, se assemelham a um disco de um planeta.
NGC 3587, também conhecida por Nebulosa da Coruja devido ao seu aspecto tão semelhante à face daquela ave de rapina, possui uma estrutura complexa composta por três camadas concêntricas: um halo exterior de fraco brilho
brilho
O brilho de um astro refere-se à quantidade de luz que dele provém, ou seja, a quantidade de energia por ele emitida por unidade de área por unidade de tempo. Dado que o brilho observado, ou medido, depende da distância ao objecto, distingue-se o brilho aparente (quando medido a uma determinada distância), do brilho intrínseco (conceptualmente medido na supefície do próprio astro).
, uma camada intermédia circular, e uma camada interna de forma aproximadamente elíptica. A camada mais interna alberga uma cavidade bipolar que forma os olhos da coruja, e ainda duas áreas de maior brilho que podem ser vistas como sendo a testa e o bico da ave.

Num artigo publicado na edição de Junho de 2003 da revista The Astronomical Journal, investigadores da Universidade do Illinois (EUA), do Instituo de Astrofísica das Canárias (Espanha), e do Williams College (EUA) apresentaram o primeiro modelo capaz de explicar a aparência e evolução desta nebulosa
nebulosa
Uma nebulosa é uma nuvem de gás e poeira interestelares.
.

Com base em observações realizadas com o telescópio William Herschel
William Herschel Telescope (WHT)
O telescópio William Herschel (WHT), com 4,2 m de diâmetro, pertence ao Grupo de Telescópios de Isaac Newton (ING), no observatório de Roque de Los Muchachos, em La Palma (Canárias). O WHT é o maior telescópio nos observatórios das Canárias e possui instrumentos que permitem uma grande variedade de observações astronómicas, desde câmaras de imagem a espectrógrafos, tanto de radiação visível como infravermelha, e ainda, um sistema de óptica adaptativa.
, em La Palma (Espanha), e com o telescópio Burrell Schmidt de 0,6 m no Observatório Nacional de Kitt Peak
Kitt Peak National Observatory (KPNO)
O Observatório Nacional de Kitt Peak (KPNO) faz parte dos observatórios da NOAO e inclui diversos telescópios ópticos, de infravermelhos e um telescópio solar, além de operar, em consórcio, 19 telescópios ópticos e dois radiotelescópios. O KPNO situa-se a 90 km de Tucson, no Arizona (EUA).
(EUA), os astrónomos concluíram que o halo da nebulosa se formou quando a estrela
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
que lhe deu origem entrou numa fase de forte perda de massa
massa
A massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
, uma vez terminada a fusão nuclear
fusão nuclear
A fusão nuclear é o processo pelo qual as reacções nucleares entre núcleos atómicos leves formam núcleos atómicos mais pesados (até ao elemento ferro). No caso em que os núcleos pertencem a elementos com número atómico pequeno, este processo liberta grandes quantidades de energia. A energia libertada corresponde a uma perda de massa, de acordo com a famosa equação E=mc2 de Einstein. As estrelas geram a sua energia através da fusão nuclear.
no seu núcleo. As instabilidades resultantes deram origem a um vento estelar gerado pela combinação de pulsações estelares e da pressão de radiação
radiação electromagnética
A radiação electromagnética, ou luz, pode ser considerada como composta por partículas (os fotões) ou ondas. As suas propriedades dependem do comprimento de onda: ondas ou fotões com comprimentos de onda mais longos traduzem radiação menos energética. A radiação electromagnética, ou luz, é usualmente descrita como um conjunto de bandas de radiação, como por exemplo o infravermelho, o rádio ou os raios-X.
.

A posterior evolução da estrela central levou a uma intensificação do vento estelar, transformando-o num supervento, empurrando o gás e poeira para uma camada mais externa, a camada intermédia. Um vento estelar subsequentemente ainda mais veloz terá comprimido o supervento produzindo a camada interna e criando a cavidade bipolar, mas desde então este vento cessou a sua actividade. Actualmente, a cavidade está progressivamente a ser preenchida de volta com algum material nebular, devido à inexistência do tal vento estelar muito rápido.

Apesar do seu nome, as nebulosas planetárias nada têm que ver com planetas
planeta
Um planeta é um objecto que se forma no disco que circunda uma estrela em formação e cuja massa é superior à de Plutão (1/500 da massa da Terra) e inferior a 10 vezes a massa de Júpiter. Ao contrário das estrelas, os planetas não produzem luz, apenas reflectem a luz da estrela que orbitam.
. Foi Sir William Herschel que lhes deu esta designação em 1782 porque, através do seu telescópio, estes objectos apresentavam um aspecto semelhante ao de Úrano
Úrano
É o sétimo planeta do Sistema Solar, a contar do Sol. Com um diâmetro cerca de 4 vezes superior ao da Terra é o terceiro planeta gigante gasoso. A sua característica mais marcante é o facto de o seu eixo de rotação estar inclinado cerca de 97º em relação à eclíptica.
e Neptuno
Neptuno
Neptuno é, a maior parte do tempo, o oitavo planeta do Sistema Solar a contar do Sol, mas por vezes é o nono, quando Plutão, na sua órbita excêntrica, se aproxima mais do Sol. Neptuno, de cor azulada devido à presença de metano na sua atmosfera, possui uma atmosfera onde ocorrem tempestades e ventos violentos. Com um diâmetro cerca de 4 vezes o da Terra, Neptuno é o menor e mais longíquo dos planetas gigantes gasosos.
. Como se sabe, as nebulosas planetárias são camadas de gás e poeira ejectados por estrelas envelhecidas.

Fonte da notícia: http://www.noao.edu/outreach/press/pr03/pr0306.html