Fim do Universo congelado no tempo

2002-01-16

O Universo, observado da orla da Via Láctea (aqui representada pelo artista no canto inferior esquerdo), dentro de 7 mil milhões de anos parecerá congelado no tempo. Só será visível a luz das galáxias do Grupo Local. As galáxias incluídas nesta figura são, de cima para baixo, M77, M33, M74, M31 e NGC147. Crédito: Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics (CfA), EUA.
É frequente os astrónomos investigarem o começo do Universo. Agora, novas teorias sobre a extremidade oposta da seta do tempo trazem-nos previsões de como o Universo poderá terminar.

Até recententemente, pensava-se que a expansão do Universo estava a diminuir e eventualmente iria reverter, iniciando um processo de contracção que culminaria num "Big Crunch". Contudo, essa imagem é contestada pelo estudo de super novas distantes que sugerem que o Universo está em expansão acelerada por influência de uma energia de origem ainda desconhecida. Devido a esta aceleração
aceleração
A aceleração é a taxa de variação da velocidade de um corpo com o tempo.
, as galáxias
galáxia
Um vasto conjunto de estrelas, nebulosas, gás e poeira interestelar gravitacionalmente ligados. As galáxias classificam-se em três categorias principais: espirais, elípticas e irregulares.
distantes irão desaparecer no chamado horizonte cosmológico, com uma velocidade de recessão tão grande que jamais nos serão acessíveis. Da mesma forma que um objecto caindo num buraco negro
buraco negro
Um buraco negro é um objecto cuja gravidade é tão forte que a sua velocidade de escape é superior à velocidade da luz. Em Astronomia, distinguem-se dois tipos de buraco negro: os buracos negros estelares, que resultam da morte de uma estrela de massa elevada, e os buracos negros galácticos, que existem no centro das galáxias activas.
deixa uma imagem congelada no tempo, a informação luminosa proveniente destas galáxias, quando cruzarem o horizonte cosmológico, também parecerá ter congelado no tempo, simplesmente diminuindo o seu brilho
brilho
O brilho de um astro refere-se à quantidade de luz que dele provém, ou seja, a quantidade de energia por ele emitida por unidade de área por unidade de tempo. Dado que o brilho observado, ou medido, depende da distância ao objecto, distingue-se o brilho aparente (quando medido a uma determinada distância), do brilho intrínseco (conceptualmente medido na supefície do próprio astro).
até desaparecer. Como consequência, teremos um número decrescente de galáxias observáveis, para além de ficarmos impossibilitados de estudar a evolução galáctica a partir do momento em que as galáxias cruzam o horizonte cosmológico.

O Professor Abraham Loeb, do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics e autor desta teoria, exemplifica com um quasar
quasar
Os quasares são objectos extragalácticos extremamente brilhantes e compactos. Hoje acredita-se que são o centro de galáxias muito energéticas ainda num estado inicial da sua evolução (são, pois, núcleos galácticos activos - NGAs) e a sua energia provém de um buraco negro de massa muito elevada. Os seus desvios para o vermelho indicam que se encontram a distâncias cosmológicas. O seu nome, quasar, vem do inglês quasi-stellar object, ou seja, objecto quase estelar, devido à semelhança da sua imagem em placas fotográficas com a imagem de uma estrela.
distante, cuja idade ronda apenas mil milhões de anos (o Universo tem uma idade estimada em 14 mil milhões de anos). De acordo com os seus cálculos, se observarmos este quasar nos próximos milhares de milhões de anos, veremos a sua imagem congelar com uma idade aproximada de 6 mil milhões de anos. A partir dessa altura, deixaremos de ver qualquer modificação que ocorra nesse objecto - a sua imagem congelada desaparecerá lentamente com a expansão do Universo.

Fonte da notícia: http://cfa-www.harvard.edu/ep/pressrel/frozen_universe.htm