Chandra fornece nova forma de diagnóstico quanto à existência de discos protoplanetários em torno de estrelas jovens
2003-06-06
Comparação dos espectros em raios-X de TW Hydrae (à direita) e HD98800 (à esquerda). Ambos os sistemas pertencem à associação estelar jovem também designada por TW Hydrae, formada há cerca de 10 milhões de anos. À esquerda, a ilustração mostra um disco circum-estelar em torno da estrela jovem TW Hydrae. Os raios-X são emitidos à medida que a matéria cai para a estrela, conduzida pelo campo magnético. À direita, HD98800, um sistema binário jovem no qual a estrela mais brilhante é responsável pela emissão de radiação X, que provém de pontos quentes na sua superfície, ou da sua coroa. Note as diferenças (compare as riscas A, B e C) nos dois espectros de raios-X. Crédito: NASA/CXC/RIT/M. Weiss/J. Kastner et al.
raios-X
A radiação X é a radiação electromagnética cujo comprimento de onda está compreendido entre o ultravioleta e os raios gama, ou seja, pertence ao intervalo de aproximadamente 0,1 Å a 100 Å. Descobertos em 1895, os raios-X tambêm são, por vezes, chamados de raios de Röntgen em homenagem ao seu descobridor. A radiação X é altamente penetrante, o que a torna muito útil, por exemplo, para obter radiografias.
ChandraA radiação X é a radiação electromagnética cujo comprimento de onda está compreendido entre o ultravioleta e os raios gama, ou seja, pertence ao intervalo de aproximadamente 0,1 Å a 100 Å. Descobertos em 1895, os raios-X tambêm são, por vezes, chamados de raios de Röntgen em homenagem ao seu descobridor. A radiação X é altamente penetrante, o que a torna muito útil, por exemplo, para obter radiografias.
Chandra X-ray Observatory
O observatório de raios-X Chandra, lançado em 1999, faz parte do projecto dos Grandes Observatórios Espaciais da NASA. O seu nome homenageia Subrahmanyan Chandrasekhar, Prémio Nobel da Física em 1983. O Chandra detecta fontes de raios-X a milhares de milhões de anos-luz de nós. Observar em raios-X é a única forma de observar matéria muito quente, a milhões de graus Célsius. O Chandra detecta raios-X de regiões de alta energia, como por exemplo remanescentes de supernovas.
(NASAO observatório de raios-X Chandra, lançado em 1999, faz parte do projecto dos Grandes Observatórios Espaciais da NASA. O seu nome homenageia Subrahmanyan Chandrasekhar, Prémio Nobel da Física em 1983. O Chandra detecta fontes de raios-X a milhares de milhões de anos-luz de nós. Observar em raios-X é a única forma de observar matéria muito quente, a milhões de graus Célsius. O Chandra detecta raios-X de regiões de alta energia, como por exemplo remanescentes de supernovas.
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
) observou dois sistemas jovens, a estrelaEntidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
TW Hydrae e o sistema binário HD98800, ambos pertencentes ao aglomerado aberto também designado por TW Hydrae, com estrelas com uma idade de 10 milhões de anos. Observações anteriores no infravermelhoUma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
infravermelho
Região do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 0,7 e 350 mícrones. Esta banda permite observar astros, fenómenos, ou processos físicos com temperaturas entre 10 e 5200 graus Kelvin.
, bem como a outros comprimentos de ondaRegião do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 0,7 e 350 mícrones. Esta banda permite observar astros, fenómenos, ou processos físicos com temperaturas entre 10 e 5200 graus Kelvin.
comprimento de onda
Designa-se por comprimento de onda a distância entre dois pontos sucessivos de amplitude máxima (ou mínima) de uma onda.
, mostraram que várias estrelas em TW Hydrae possuem discos de gás e poeira em seu redor. A uma distância de cerca de 180 anos-luzDesigna-se por comprimento de onda a distância entre dois pontos sucessivos de amplitude máxima (ou mínima) de uma onda.
ano-luz (al)
O ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
da Terra, estes sistemas encontram-se entre os análogos ao nosso sistema solarO ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
Sistema Solar
O Sistema Solar é constituído pelo Sol e por todos os objectos que lhe estão gravitacionalmente ligados: planetas e suas luas, asteróides, cometas, material interplanetário.
, quando jovem, mais próximos de nós.
O Sistema Solar é constituído pelo Sol e por todos os objectos que lhe estão gravitacionalmente ligados: planetas e suas luas, asteróides, cometas, material interplanetário.
De acordo com J. Kastner, do Instituto de Tecnologia de Rochester (EUA), os raios-X constituem um excelente meio para investigar os discos circum-estelares em torno de estrelas recém formadas. Kastner e seus colaboradores descobriram que a estrela TW Hydrae apresenta um espectro em raios-X (ver figura) que é indicador de que matéria no seu disco de acreção
disco de acreção
Disco composto por gás e poeira interestelares que pode circundar buracos negros, estrelas de neutrões, variáveis cataclísmicas, ou estrelas em formação.
se encontra em queda, controlada pelo campo magnéticoDisco composto por gás e poeira interestelares que pode circundar buracos negros, estrelas de neutrões, variáveis cataclísmicas, ou estrelas em formação.
campo magnético
O campo magnético é a região em torno de um corpo na qual é detectada uma força magnética. Os campos magnéticos actuam apenas em partículas electricamente carregadas. Campos magnéticos fracos são por exemplo gerados por efeito de dínamo no interior dos planetas e luas, enquanto que campos magnéticos mil milhões de vezes mais fortes podem ser gerados em estrelas e galáxias. Os campos magnéticos são capazes de controlar o movimento de gás ionizado e até moldar a forma dos corpos por eles actuados.
, para a estrela central, formando pontos quentes na superfície da estrela. Em contrapartida, no caso de HD98800, a estrela mais brilhante do sistema é responsável pela radiação X. HD98800 é, na verdade, constituída por dois pares de estrelas, HD98800A e HD98800B. Cada um destes pares, com diâmetros orbitais comparáveis à distância Sol-Terra, orbitam em torno um do outro a uma distância equivalente à distância Sol-Plutão.
O campo magnético é a região em torno de um corpo na qual é detectada uma força magnética. Os campos magnéticos actuam apenas em partículas electricamente carregadas. Campos magnéticos fracos são por exemplo gerados por efeito de dínamo no interior dos planetas e luas, enquanto que campos magnéticos mil milhões de vezes mais fortes podem ser gerados em estrelas e galáxias. Os campos magnéticos são capazes de controlar o movimento de gás ionizado e até moldar a forma dos corpos por eles actuados.
Este estudo mostra que a actividade de acreção
acreção
Designa-se por acreção a acumulação de matéria (gás e poeira) para um astro central, como por exemplo um buraco negro, uma estrela, uma galáxia, ou um planeta.
, isto é, da queda de material do disco para a estrela central, ocorre em níveis muito baixos no caso de HD98800A, o que sugere que os discos em torno das estrelas do sistema binário foram reduzidos significativamente, presumivelmente devido à formação de planetasDesigna-se por acreção a acumulação de matéria (gás e poeira) para um astro central, como por exemplo um buraco negro, uma estrela, uma galáxia, ou um planeta.
planeta
Um planeta é um objecto que se forma no disco que circunda uma estrela em formação e cuja massa é superior à de Plutão (1/500 da massa da Terra) e inferior a 10 vezes a massa de Júpiter. Ao contrário das estrelas, os planetas não produzem luz, apenas reflectem a luz da estrela que orbitam.
nesses mesmos discos, ou então destruídos por estrelas vizinhas, em apenas 10 milhões de anos.
Um planeta é um objecto que se forma no disco que circunda uma estrela em formação e cuja massa é superior à de Plutão (1/500 da massa da Terra) e inferior a 10 vezes a massa de Júpiter. Ao contrário das estrelas, os planetas não produzem luz, apenas reflectem a luz da estrela que orbitam.
Esta nova técnica de investigação dos discos circum-estelares baseia-se na capacidade dos espectrómetros
espectrómetro
O espectrómetro é um instrumento cuja função é medir os comprimentos de onda de um determinado espectro de luz, permitindo identificar as espécies químicas responsáveis pelas riscas existentes nesse espectro.
do Chandra em medir as energias dos raios-X com grande precisão. Por comparação do número de raios-X emitidos pelo gás quente, a energias bem especificadas, como o oxigénio ou o néon, a temperatura e densidadeO espectrómetro é um instrumento cuja função é medir os comprimentos de onda de um determinado espectro de luz, permitindo identificar as espécies químicas responsáveis pelas riscas existentes nesse espectro.
densidade
Em Astrofísica, densidade é o mesmo que massa volúmica: é a massa por unidade de volume.
das partículas pode ser estimada. Assim, em princípio, esta técnica permite distinguir a actividade de acreção num disco circum-estelar da actividade coronal das estrelas jovens, no que toca à verdadeira origem da emissão de raios-X nestes objectos estelares jovensEm Astrofísica, densidade é o mesmo que massa volúmica: é a massa por unidade de volume.
YSO (do inglês Young Stellar Object)
Designa-se por objecto estelar jovem qualquer estrela que tenha evoluído para além da fase de proto-estrela, mas que não seja ainda uma estrela da sequência principal. Ou seja, uma estrela que ainda não acumulou a totalidade da sua massa, mas cujo brilho já é produzido pelas reacções nucleares no interior do seu núcleo. As estrelas do tipo T Tauri e as estrelas do tipo Herbig Ae/Be são exemplos de objectos estelares jovens.
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Designa-se por objecto estelar jovem qualquer estrela que tenha evoluído para além da fase de proto-estrela, mas que não seja ainda uma estrela da sequência principal. Ou seja, uma estrela que ainda não acumulou a totalidade da sua massa, mas cujo brilho já é produzido pelas reacções nucleares no interior do seu núcleo. As estrelas do tipo T Tauri e as estrelas do tipo Herbig Ae/Be são exemplos de objectos estelares jovens.
Estes resultados sugerem que os discos circum-estelares podem evoluir rapidamente, aí formando planetas, ou sendo destruídos por encontros próximos com estrelas vizinhas.
Fonte da notícia: http://chandra.harvard.edu/press/03_releases/press_052603.html