Descobertos 7 discos protoplanetários num aglomerado estelar jovem

2003-06-03

Aglomerado estelar jovem na constelação do Perseu, a cerca de 1000 anos-luz. O aglomerado inclui várias centenas de estrelas jovens e em formação - todas com idade inferior a um milhão de anos - e ainda sete discos protoplanetários. A imagem foi obtida com a câmara de infravermelho FLAMINGOS acoplada a um telescópio de 2 m, no Observatório de Kitt Peak, no Arizona (EUA). Crédito: Univ. of Florida, NOAO, AURA, & NSF.
Astrónomos da Universidade da Florida (EUA) obtiveram imagens de sete novos discos protoplanetários numa região de formação de estrelas
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
situada a cerca de 1000 anos-luz
ano-luz (al)
O ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
, na constelação
constelação
Designa-se por constelação cada uma das 88 regiões em que se divide a abóbada celeste, por convenção de 1922.
do Perseu. Trata-se de um aglomerado de estrelas jovens, todas com idade inferior a um milhão de anos.

Estes discos circum-estelares, compostos por grandes quantidades de gás e poeira, encontram-se cerca de 4 vezes mais longe do que a maioria dos outros discos já conhecidos e fotografados. São também, de longe, os maiores já observados, o que sugere que os planetas
planeta
Um planeta é um objecto que se forma no disco que circunda uma estrela em formação e cuja massa é superior à de Plutão (1/500 da massa da Terra) e inferior a 10 vezes a massa de Júpiter. Ao contrário das estrelas, os planetas não produzem luz, apenas reflectem a luz da estrela que orbitam.
, que sabemos resultarem da aglutinação de matéria no disco circum-estelar à medida que este roda, talvez possam existir a distâncias, relativamente à estrela central, muito superiores ao que se julgava, por factores de 10 a 100.

Richard Elston e Elizabeth Lada, ambos da Universidade da Florida (EUA), obtiveram resultados que parecem mostrar que os planetas se podem formar nestes discos protoplanetários bem mais rapidamente do que até agora se julgava possível. Actualmente, os astrónomos julgam que são necessários 10 a 12 milhões de anos para formar um planeta, mas os resultados de Elston e Lada apontam para um número consideravelmente menor: analisando estatisticamente a massa
massa
A massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
total existente no aglomerado, concluíram que nos primeiros 3 milhões de anos a massa disponível nos discos é suficiente para formar planetas.

Este resultado é importante porque, ao contrário do que se pensava até há cerca de duas décadas, as estrelas não se formam isoladas, mas antes em grupos numerosos, ou aglomerados, com centenas a milhares de estrelas. Dado que sabemos que muitas (a maioria) das estrelas nestes aglomerados possuem discos circum-estelares, coloca-se a questão de saber qual a fracção destes discos que pode dar origem a planetas. Isto não é um problema trivial, pois não sabemos ao certo durante quanto tempo podem os discos sobreviver sob a intensa radiação
radiação electromagnética
A radiação electromagnética, ou luz, pode ser considerada como composta por partículas (os fotões) ou ondas. As suas propriedades dependem do comprimento de onda: ondas ou fotões com comprimentos de onda mais longos traduzem radiação menos energética. A radiação electromagnética, ou luz, é usualmente descrita como um conjunto de bandas de radiação, como por exemplo o infravermelho, o rádio ou os raios-X.
das muitas estrelas do aglomerado, por forma a que neles haja tempo para formar planetas.

Para obter imagens destes discos, foi utilizada uma câmara de infravermelho
infravermelho
Região do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 0,7 e 350 mícrones. Esta banda permite observar astros, fenómenos, ou processos físicos com temperaturas entre 10 e 5200 graus Kelvin.
construída pela Universidade da Florida, designada por FLAMINGOS. As observações foram efectuadas no Observatório de Kitt Peak
Kitt Peak National Observatory (KPNO)
O Observatório Nacional de Kitt Peak (KPNO) faz parte dos observatórios da NOAO e inclui diversos telescópios ópticos, de infravermelhos e um telescópio solar, além de operar, em consórcio, 19 telescópios ópticos e dois radiotelescópios. O KPNO situa-se a 90 km de Tucson, no Arizona (EUA).
, no Arizona (EUA).

Fonte da notícia: http://www.napa.ufl.edu/2003news/planetdisks.htm