Nebulosa planetária revelada em todo o seu detalhe

2003-05-29

Nebulosa da Hélice. Esta imagem de alto detalhe foi criada a partir da combinação de imagens alta resolução proporcionados pelo telescópio espacial Hubble (HST), com as imagens de campo amplo obtidas no observatório de Kitt Peak (Arizona, EUA) Crédito: NASA, NOAO, ESA, the Hubble Helix Nebula Team, M. Meixner (STScI), and T.A. Rector (NRAO).
Recentemente, foi obtida uma das imagens mais pormenorizadas de sempre. Esta imagem, que nos mostra a nebulosa
nebulosa
Uma nebulosa é uma nuvem de gás e poeira interestelares.
da Hélice, foi revelada ao público no dia da astronomia (10 de Maio) celebrado nos EUA.

A figura provém da combinação de imagens de alta resolução proporcionadas pelo telescópio espacial Hubble
Hubble Space Telescope (HST)
O Telescópio Espacial Hubble é um telescópio espacial que foi colocado em órbita da Terra em 1990 pela NASA, em colaboração com a ESA. A sua posição acima da atmosfera terrestre permite-lhe observar os objectos astronómicos com uma qualidade ímpar.
(HST), com as imagens de campo amplo obtidas com a mosaic camera instalada num dos telescópio de 0.9m situados observatório de Kitt Peak
Kitt Peak National Observatory (KPNO)
O Observatório Nacional de Kitt Peak (KPNO) faz parte dos observatórios da NOAO e inclui diversos telescópios ópticos, de infravermelhos e um telescópio solar, além de operar, em consórcio, 19 telescópios ópticos e dois radiotelescópios. O KPNO situa-se a 90 km de Tucson, no Arizona (EUA).
(Arizona, EUA). A imagem mostra uma fina teia de filamentos dispostos como raios de uma roda de bicicleta no anel gasoso, que se vê a vermelho e azul, e constitui uma das nebulosas planetárias
nebulosa planetária
As nebulosas planetárias são nebulosas formadas por camadas de gás expelido por estrelas de pequena massa, que terminaram a sua fase de estrela gigante vermelha e se encontram no fim da sua vida. No centro da nebulosa planetária, a estrela transforma-se numa anã branca quente e é a radiação que emite que faz a nebulosa brilhar. As nebulosas planetárias não têm nada a ver com planetas, mas obtiveram o seu nome porque quando observadas através de um pequeno telescópio, se assemelham a um disco de um planeta.
mais próximas da Terra.

Devido à sua proximidade, a nebulosa tem um diâmetro aparente de quase metade do diâmetro da Lua
Lua
A Lua é o único satélite natural da Terra.
. Estas grandes dimensões obrigaram os astrónomos do HST a adquirirem várias imagens para cobrir a maior parte do campo da Hélice. As imagens obtidas pelo HST foram posteriormente combinadas com uma imagem cobrindo um campo mais amplo obtida com a mosaic camera. Este retrato dá-nos uma vista impressionante do que na realidade é um túnel luminoso de gases com aproximadamente um milhão de milhões de quilómetros. O tubo fluorescente está apontado quase directamente à Terra, o que resulta num aspecto mais parecido a uma bolha que a um cilindro. A floresta de milhares de filamentos, mergulhados na parte interior da nebulosa, aponta para estrela
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
central, que é uma quentíssima anã branca
anã branca
Uma anã branca, sendo o núcleo exposto de uma gigante vermelha, é uma estrela degenerada muito densa na qual se encontra esgotada qualquer fonte de energia termonuclear. As anãs brancas, que constituem uma fase final da evolução das estrelas de pequena massa, representam cerca de 10 % das estrelas da nossa galáxia, e são por isso muito comuns. O nosso Sol passará um dia pela fase de anã branca, altura em que terá um diâmetro de apenas 10 000 km.
.

Os filamentos formaram-se quando o "vento estelar" de gás quente chocou com camadas mais frias de poeira e gás ejectados pela estrela condenada, formando um colar ao redor da estrela quente. Há várias décadas que telescópios situados na Terra têm vindo a observar estes tentáculos, mas nunca com tanto pormenor. As cores correspondem às emissões de oxigénio (azul) e de hidrogénio e hélio (vermelho).

O valioso tempo de observação do HST tornou-se disponível durante as Leónidas, a chuva de meteoritos
meteorito
Um meteorito é um corpo sólido que entra na atmosfera da Terra (ou de outro planeta), sendo suficientemente grande para não ser totalmente destruído pela fricção com as partículas da atmosfera, e assim atingir o solo. Os meteoritos dividem-se em três categorias, segundo a sua composição: aerolitos (rochosos), sideritos (ferro) e siderolitos (ferro e rochas).
que se verificou em Novembro. Para proteger os instrumentos do HST, entre os quais o sensível espelho, a nave teve de ser girada em direcção oposta à "tempestade" durante cerca de meio dia. Por sorte, a nebulosa da Hélice estava num sentido quase oposto ao da chuva de meteoritos. Assim, o Hubble utilizou nove órbitas
órbita
A órbita de um corpo em movimento é a trajectória que o corpo percorre no espaço.
para fotografar a nebulosa enquanto esperava o fim da tempestade.

As nebulosas planetárias como a da Hélice são criadas por estrelas como o Sol
Sol
O Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilómetros.
quando nas fases finais das suas vidas ejectam quantidades torrenciais de gases. Ainda que não tenham nada que ver com a formação de planetas
planeta
Um planeta é um objecto que se forma no disco que circunda uma estrela em formação e cuja massa é superior à de Plutão (1/500 da massa da Terra) e inferior a 10 vezes a massa de Júpiter. Ao contrário das estrelas, os planetas não produzem luz, apenas reflectem a luz da estrela que orbitam.
, estas nebulosas recebem o seu nome porque dão a impressão de discos planetários quando observadas com telescópios pequenos. Com um maior poder de amplificação, os clássicos buracos de "donut" no meio da nebulosa podem ser resolvidos. Após uma cuidadosa análise, os astrónomos concluíram que não se trata de uma bolha, mas sim de um cilindro a apontar para a Terra.

Considerando a distância à nebulosa de 650 anos-luz
ano-luz (al)
O ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
, o seu tamanho angular corresponde a um anel gigante de aproximadamente 3 anos luz, o que é quase três quartos da distância do Sol à estrela mais próxima. A nebulosa da Hélice é um alvo muito procurado pelos astrónomos amadores, podendo inclusivamente ser vista com binóculos como uma fantasmagórica nuvem na constelação
constelação
Designa-se por constelação cada uma das 88 regiões em que se divide a abóbada celeste, por convenção de 1922.
de Aquário. Telescópios amadores maiores podem inclusivamente resolver os seu tentáculos radiais.

Fonte: http://hubblesite.org/newscenter/archive/2003/11/image/a