A cor do Universo

2002-01-16

Evolução da cor do Universo. Crédito: Universidade Johns Hopkins, EUA.
Astrónomos da Universidade de Johns Hopkins (EUA) determinaram que a cor que veríamos se pudéssemos de alguma forma reunir toda a luz existente no Universo seria verde. Glazebrook e Baldry obtiveram este resultado ao estudarem milhares de galáxias
galáxia
Um vasto conjunto de estrelas, nebulosas, gás e poeira interestelar gravitacionalmente ligados. As galáxias classificam-se em três categorias principais: espirais, elípticas e irregulares.
observadas pelo 2dF Galaxy Redshift Survey
Two Degree Field Galaxy Redshift Survey (2dF)
Trata-se de um levantamento espectroscópico para obtenção de desvios para o vermelho de 250 000 galáxias no hemisfério sul, realizado no Observatório Anglo-Australiano, situado na Austrália. Este levantamento permitirá obter um mapa a 3 dimensões do céu do sul.
- um levantamento de galáxias a diferentes desvios para o vermelho
desvio para o vermelho (z)
Designa-se por desvio para o vermelho (em inglês, redshift) o desvio do espectro de um objecto para comprimentos de onda mais longos. O desvio para o vermelho pode dever-se ao movimento do objecto a afastar-se do observador (desvio de Doppler), ou à expansão do Universo (desvio para o vermelho cósmico, ou gravitacional). O desvio para o vermelho cósmico permite estimar a distância a que o objecto se encontra: quanto maior o desvio, mais distante o objecto. O desvio de Doppler permite calcular a velocidade a que o objecto se desloca.
que totaliza mais de 200 000 galáxias a distâncias entre 2 e 3 mil milhões de anos-luz
ano-luz (al)
O ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
da Terra e é conduzido pelo Observatório Anglo-Australiano.

Usando a parte visível do espectro electromagnético
espectro electromagnético
O espectro electromagnético é a gama completa de comprimentos de onda da radiação electromagnética. Divide-se usualmente nas bandas dos raios gama, raios-X, ultravioleta, visível, infravermelho, submilímetro, milímetro, microondas (comprimentos de onda da ordem do centímetro) e rádio (comprimentos de onda superiores ao metro).
, Glazebrook e Baldry combinaram os dados das galáxias do 2df para produzirem um espectro a que chamaram "espectro cósmico": a cada comprimento de onda
comprimento de onda
Designa-se por comprimento de onda a distância entre dois pontos sucessivos de amplitude máxima (ou mínima) de uma onda.
de luz visível
radiação visível
A radiação visível é a região do espectro electromagnético que os nossos olhos detectam, compreendida entre os comprimentos de onda de 350 e 700 nm (frequências entre 4,3 e 7,5x1014Hz). Os nossos olhos distinguem luz visível de frequências diferentes, desde a luz violeta (radiação com comprimentos de onda ~ 400 nm), até à luz vermelha (com comprimentos de onda ~ 700 nm), passando pelo azul, anil, verde, amarelo e laranja.
, o gráfico indica a intensidade emitida por todas as galáxias do "universo local". Este espectro foi transformado numa matriz de cores substituindo cada comprimento de onda pela cor vista pelo olho humano naquele comprimento de onda e variando a intensidade dessa cor de acordo com a intensidade do espectro cósmico. Segundo Baldry, a amostra de galáxias estudadas é suficientemente extensa, atingindo uma distância de vários milhares de milhões de anos-luz, de forma a ser verdadeiramente representativa.

O tom esverdeado final é o resultado da combinação da luz vermelha proveniente das estrelas
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
mais velhas e da luz azul procedente das estrelas jovens. O universo terá começado jovem e azul, tornando-se gradualmente esverdeado à medida que as populações de estrelas vermelhas apareciam. Conforme a taxa de produção de estrelas diminui ao longo do tempo e mais estrelas tornam-se vermelhas, a cor do Universo torna-se mais avermelhada. Eventualmente, todas as estrelas desaparecerão, ficando somente buracos negros
buraco negro
Um buraco negro é um objecto cuja gravidade é tão forte que a sua velocidade de escape é superior à velocidade da luz. Em Astronomia, distinguem-se dois tipos de buraco negro: os buracos negros estelares, que resultam da morte de uma estrela de massa elevada, e os buracos negros galácticos, que existem no centro das galáxias activas.
. Estes também poderão evaporar pelo processo de radiação
radiação electromagnética
A radiação electromagnética, ou luz, pode ser considerada como composta por partículas (os fotões) ou ondas. As suas propriedades dependem do comprimento de onda: ondas ou fotões com comprimentos de onda mais longos traduzem radiação menos energética. A radiação electromagnética, ou luz, é usualmente descrita como um conjunto de bandas de radiação, como por exemplo o infravermelho, o rádio ou os raios-X.
de Hawking e então nada restará excepto a luz que se tornará cada vez mais avermelhada com a eterna expansão do Universo.

O principal objectivo do projecto destes astrónomos é utilizar a luz das galáxias do 2df para comprovar teorias de formação estelar, comparando o espectro cósmico previsto pelos modelos com o obtido observacionalmente.

Fonte da notícia: http://www.jhu.edu/news_info/news/home02/jan02/color.html e http://www.pha.jhu.edu/~kgb/cosspec/