O Quinteto de Stephan: uma galáxia intrusa colide com o grupo compacto

2003-05-20

Quinteto de Stephan. No canto superior esquerdo, uma imagem em raios-X obtida pelo Chandra (azul) é sobreposta a uma imagem no óptico do DSS (amarelo). O campo é de 2,9 x 2,3 minutos de arco. Em baixo, imagem no óptico com 7 x 7 minutos de arco, onde se encontram identificadas as galáxias que constituem o Quinteto de Stephan: A, B, D, E e F. A galáxia B é responsável pelo gás quente detectado em raios-X na imagem de cima. A galáxia F não pertence ao grupo compacto formado pelas restantes galáxias do Quinteto, ao contrário da galáxia C, que se encontra à mesma distância que estas. Crédito: NASA/CXC/INAF-Brera/G. Trinchieri et al. (raios-X); Pal. Obs. DSS (óptico).
O Quinteto de Stephan é a designação de um grupo de cinco galáxias
galáxia
Um vasto conjunto de estrelas, nebulosas, gás e poeira interestelar gravitacionalmente ligados. As galáxias classificam-se em três categorias principais: espirais, elípticas e irregulares.
na constelação
constelação
Designa-se por constelação cada uma das 88 regiões em que se divide a abóbada celeste, por convenção de 1922.
de Perseu e um excelente exemplo da dinâmica tumultuosa de um grupo compacto de galáxias. Observações realizadas pelo observatório de raios-X Chandra
Chandra X-ray Observatory
O observatório de raios-X Chandra, lançado em 1999, faz parte do projecto dos Grandes Observatórios Espaciais da NASA. O seu nome homenageia Subrahmanyan Chandrasekhar, Prémio Nobel da Física em 1983. O Chandra detecta fontes de raios-X a milhares de milhões de anos-luz de nós. Observar em raios-X é a única forma de observar matéria muito quente, a milhões de graus Célsius. O Chandra detecta raios-X de regiões de alta energia, como por exemplo remanescentes de supernovas.
(NASA
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
) revelaram gás aquecido pela onda de choque
onda de choque
Uma onda de choque é uma variação brusca da pressão, temperatura e densidade de um fluído, que se desenvolve quando a velocidade de deslocação do fluído excede a velocidade de propagação do som.
resultante do movimento de alta velocidade de uma galáxia espiral intrusa.

Na imagem ao lado, podemos ver no canto superior esquerdo, a azul, a imagem em raios-X
raios-X
A radiação X é a radiação electromagnética cujo comprimento de onda está compreendido entre o ultravioleta e os raios gama, ou seja, pertence ao intervalo de aproximadamente 0,1 Å a 100 Å. Descobertos em 1895, os raios-X tambêm são, por vezes, chamados de raios de Röntgen em homenagem ao seu descobridor. A radiação X é altamente penetrante, o que a torna muito útil, por exemplo, para obter radiografias.
obtida pelo Chandra sobreposta a uma imagem no óptico do Digital Sky Survey (Observatório de Monte Palomar), a amarelo. O gás, aquecido a uma temperatura próxima de 6 milhões de graus celsius, é detectado em raios-X e aparece na imagem como uma nuvem azul brilhante, orientada na vertical no centro da imagem. A galáxia intrusa responsável pelo aquecimento encontra-se imediatamente à direita da onda de choque (galáxia B da imagem de baixo).

No canto inferior direito temos a imagem do Quinteto de Stephan no óptico, onde se identificaram as galáxias com letras. A, B, D, E e F formam o Quinteto de Stephan original. Quatro destas galáxias (A, B, D e E) encontram-se a 280 milhões de anos-luz
ano-luz (al)
O ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
de nós e constituem um grupo compacto. Mas recentemente descobriu-se que a galáxia F situa-se, afinal, bastante mais próxima de nós, a 35 milhões de anos-luz, não estando assim gravitacionalmente relacionada com as restantes.

O movimento das galáxias do grupo através do gás quente, assim como a atracção gravitacional exercida pelas galáxias vizinhas, faz com que as galáxias do grupo vão perdendo o seu gás frio. Privadas da matéria prima para formar estrelas
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
, dentro de alguns milhares de milhões de anos, as galáxias espirais no Quinteto de Stephan transformar-se-ão em galáxias elípticas.

Durante os últimos milhares de milhões de anos, as galáxias que formam o grupo compacto terão ainda perdido gás devido a colisões, tal como a observada na imagem em raios-X. Um provável intruso, que poderá ter atravessado o centro do grupo pelo menos duas vezes, é a galáxia pouco brilhante C. A nuvem azul pouco brilhante na imagem de raios-X/óptico pode ser uma relíquia de colisões antigas.

Fonte da notícia: http://chandra.harvard.edu/photo/2003/stephan/index.html