Eclipse total da Lua na madrugada de 16 de Maio

2003-05-13

Em cima: Diagrama que exemplifica o eclipse total da Lua, ilustrando os cones de sombra e de penumbra. Em baixo: Horário das etapas do eclipse total da Lua na madrugada de 16 de Maio de 2003, em Lisboa. Crédito: Fred Espenak, NASA/GSFC.
Na noite de 15 para 16 de Maio, ocorrerá o primeiro eclipse
eclipse
Um eclipse é uma ocultação total ou parcial de um corpo celeste, quando outro corpo passa entre este e o observador.
da Lua
Lua
A Lua é o único satélite natural da Terra.
de 2003. O evento será visível na Europa, América do Norte e do Sul, África e Antárctico. Portugal encontra-se especialmente bem posicionado para observar a totalidade do eclipse, que aqui acontecerá na madrugada de sexta-feira, 16 de Maio.

Embora o início da fase total seja visível na maior parte da Europa, a conclusão da totalidade só será observável na parte ocidental da Península Ibérica. O horário (hora de Lisboa) dos acontecimentos na madrugada de sexta-feira, dia 16 de Maio, é o seguinte: a Lua entra na penumbra às 02:05, entra na sombra às 03:03, o eclipse total começa às 04:14, o ponto médio do eclipse total ocorre às 04:40, o eclipse total termina às 05:06, a Lua sai da sombra às 06:17 e sai da penumbra às 07:15.

Na fase de Lua Cheia
Lua Cheia
Lua Cheia é a fase da Lua quando esta se encontra em oposição relativamente ao Sol; quando observada a partir da Terra, a Lua exibe toda a sua superfície iluminada.
, a Lua encontra-se oposta ao Sol
Sol
O Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilómetros.
no céu, relativamente à Terra. Um eclipse da Lua
eclipse lunar
Um eclipse lunar ocorre quando a Terra se encontra entre o Sol e a Lua de forma a projectar a sua sombra na Lua. Um eclipse lunar pode ser total (se a Lua atravessar completamente a sombra da Terra), parcial (se atravessar parcialmente a sombra da Terra) e penumbral (se a Lua apenas atravessar a penumbra da Terra). Um eclipse lunar só ocorre em fase de Lua Cheia e nas alturas do ano em que a Lua se encontra muito perto do plano da eclíptica.
só pode acontecer em fase de Lua Cheia e só se a Lua passar por alguma porção da sombra da Terra. A Terra, iluminada por um lado pelo Sol, projecta para o lado oposto dois cones de sombra: o mais exterior chama-se penumbra, e é a zona onde a Terra bloqueia parte, mas não a totalidade, dos raios solares; o outro cone mais interno, a sombra, é a região onde a Terra impede toda a luz solar de alcançar a Lua directamente.

Quando a Lua passa apenas pela penumbra, dá-se um eclipse penumbral da Lua. Se parte da Lua passar pela sombra, chama-se um eclipse parcial da Lua, e observa-se facilmente a olho nu. Agora, se a Lua toda passar pela sombra, estamos perante um eclipse total da Lua, e o seu disco pode mudar drasticamente de cor, exibindo-se laranja, ou vermelho sangue, ou castanho escuro, ou mesmo, embora muito raramente, cinzento escuro.

Ao contrário dos eclipses solares
eclipse do Sol
Um eclipse do Sol é a ocultação total ou parcial do Sol pela Lua, quando observado da Terra.
, observar directamente o eclipse da Lua não apresenta nenhum perigo à vista. E o espectáculo pode ser desfrutado mesmo a olho nu, sem o auxílio de telescópios ou binóculos.

Os astrónomos amadores poderão efectuar algumas observações úteis durante o eclipse total. É impossível prever exactamente quão escura será a aparência da Lua durante a totalidade. Como se pode verificar na figura ao lado, a parte mais a sul da Lua estará mais perto da zona central da sombra do que a região mais a norte. Como a sombra da Terra é mais escura no centro, prevê-se que a aparência da Lua se altere consideravelmente quando esta atravessar a sombra.

A cor e o brilho
brilho
O brilho de um astro refere-se à quantidade de luz que dele provém, ou seja, a quantidade de energia por ele emitida por unidade de área por unidade de tempo. Dado que o brilho observado, ou medido, depende da distância ao objecto, distingue-se o brilho aparente (quando medido a uma determinada distância), do brilho intrínseco (conceptualmente medido na supefície do próprio astro).
da Lua dependem fortemente da quantidade de poeira existente na atmosfera da Terra
atmosfera terrestre
A atmosfera terrestre é composta por um conjunto de camadas gasosas que envolvem a Terra. Estas camadas são designadas por Troposfera (da superfície da Terra até cerca de 10 km de altitude), Estratosfera (10 - 50 km), Mesosfera (50 - 100 km), Termosfera (100 - 400 km) e Exosfera (acima dos 400 km).
durante o eclipse. Uma actividade que propomos é o registo da cor e brilho da Lua em alturas diferentes durante a totalidade utilizando a Escala de Brilho de Danjon. Note-se que poderá ser necessário atribuir valores de Danjon diferentes a porções distintas da Lua em certas alturas. Para mais informação, ver por exemplo,
http://sunearth.gsfc.nasa.gov/eclipse/OH/Danjon.html

Com o auxílio de um telescópio, ainda se propõe outra actividade. Utilizando uma lista de crateras da Lua, pode-se medir a altura em que a cratera entra ou sai da sombra. Estes tempos, se medidos rigorosamente, podem depois ser usados para estimar o aumento da sombra da Terra provocado pela poeira e pelas cinzas vulcânicas existentes na atmosfera
atmosfera
1- Camada gasosa que envolva um planeta ou uma estrela. No caso das estrelas, entende-se por atmosfera as suas camadas mais exteriores. 2- A atmosfera (atm) é uma unidade de pressão equivalente a 101 325 Pa.
da Terra. Mais informações em
http://sunearth.gsfc.nasa.gov/eclipse/OH/crater/Crater.html

Este ano haverá dois eclipses da Lua. O próximo, também total, ocorrerá a 9 de Novembro desde ano e também será observável em Portugal.

Fonte da notícia: http://sunearth.gsfc.nasa.gov/eclipse/extra/TLE2003May15.html