Primeiras medições de distâncias a galáxias brilhantes no submilímetro
2003-04-29
Espectro de SMMJ105224.6+572119 obtido com o espectrógrafo LRIS-B no telescópio Keck, donde se deduziu o desvio para o vermelho de valor 2,429. A identificação das riscas de emissão encontra-se a vermelho por cima do eixo superior (eixo dos comprimentos de onda intrínsecos). O eixo inferior mostra os comprimentos de onda observados. Crédito: Chapman et al. 2003 Nature, 422, 696.
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
no Universo ocorre em episódios muito rápidos e intensos, chamados surtos de formação estelar. O processo envolve grandes quantidades de poeira que é responsável pelo obscurecimento da luz das jovens estrelas na maior parte dos comprimentos de ondaUma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
comprimento de onda
Designa-se por comprimento de onda a distância entre dois pontos sucessivos de amplitude máxima (ou mínima) de uma onda.
, incluindo na região óptica do espectro electromagnéticoDesigna-se por comprimento de onda a distância entre dois pontos sucessivos de amplitude máxima (ou mínima) de uma onda.
espectro electromagnético
O espectro electromagnético é a gama completa de comprimentos de onda da radiação electromagnética. Divide-se usualmente nas bandas dos raios gama, raios-X, ultravioleta, visível, infravermelho, submilímetro, milímetro, microondas (comprimentos de onda da ordem do centímetro) e rádio (comprimentos de onda superiores ao metro).
. A energia absorvida pela poeira é reemitida em comprimentos de onda mais longos, tipicamente no infravermelho longínquoO espectro electromagnético é a gama completa de comprimentos de onda da radiação electromagnética. Divide-se usualmente nas bandas dos raios gama, raios-X, ultravioleta, visível, infravermelho, submilímetro, milímetro, microondas (comprimentos de onda da ordem do centímetro) e rádio (comprimentos de onda superiores ao metro).
infravermelho longínquo
Região do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 40 e 350 mícrones. Esta banda permite observar astros ou fenómenos com temperaturas entre 10 e 140 graus Kelvin.
e, no caso da poeira mais fria, no domínio do submilímetro.
Região do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 40 e 350 mícrones. Esta banda permite observar astros ou fenómenos com temperaturas entre 10 e 140 graus Kelvin.
Em 1997, um novo tipo de galáxias
galáxia
Um vasto conjunto de estrelas, nebulosas, gás e poeira interestelar gravitacionalmente ligados. As galáxias classificam-se em três categorias principais: espirais, elípticas e irregulares.
foi descoberto utilizando o bolómetroUm vasto conjunto de estrelas, nebulosas, gás e poeira interestelar gravitacionalmente ligados. As galáxias classificam-se em três categorias principais: espirais, elípticas e irregulares.
bolómetro
O bolómetro é um instrumento extremamente sensível que mede o calor radiante de uma fonte. Neste instrumento, que é essencialemente um termómetro, a radiação é absorvida por uma folha de metal ou por um supercondutor, e a variação da sua resistência é registada. Os bolómetros são utilizados no domínio da radioastronomia.
submilimétrico SCUBA, no telescópio de 15 metros JCMT em Mauna Kea (Havai, EUA). Trata-se de galáxias que emitem fortemente na região do espectro electromagnético do submilímetro, mas são extremamente ténues nos comprimentos de onda ópticos e infravermelhosO bolómetro é um instrumento extremamente sensível que mede o calor radiante de uma fonte. Neste instrumento, que é essencialemente um termómetro, a radiação é absorvida por uma folha de metal ou por um supercondutor, e a variação da sua resistência é registada. Os bolómetros são utilizados no domínio da radioastronomia.
infravermelho
Região do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 0,7 e 350 mícrones. Esta banda permite observar astros, fenómenos, ou processos físicos com temperaturas entre 10 e 5200 graus Kelvin.
. A natureza destas galáxias, designadas por galáxias submilimétricas, tem permanecido um enigma, por um lado devido à baixa resolução espacial dos instrumentos do submilímetro, e por outro, por ser muito difícil detectá-las noutros comprimentos de onda. Sem se determinar as suas distâncias, é impossível compreender a sua natureza e evolução.
Região do espectro electromagnético compreendida entre os comprimentos de onda de 0,7 e 350 mícrones. Esta banda permite observar astros, fenómenos, ou processos físicos com temperaturas entre 10 e 5200 graus Kelvin.
Para ultrapassar estes problemas, a equipa, constituída por S. Chapman e A. Blain (ambos do Instituto Tecnológico da Califórnia, EUA), I. Smail (Universidade de Durham, Reino Unido) e R. Ivison (Centro Tecnológico de Astronomia, Reino Unido), utilizou o radiointerferómetro Very Large Array
Very Large Array (VLA)
O VLA é um radiointerferómetro composto por 27 antenas de 25 m de diâmetro, dispostas em três braços (em forma de Y) com 9 antenas cada, localizado no Novo México (EUA). O VLA é operado pelo NRAO (National Radio Astronomy Observatory).
(Novo México, EUA) para obter imagens profundas de rádioO VLA é um radiointerferómetro composto por 27 antenas de 25 m de diâmetro, dispostas em três braços (em forma de Y) com 9 antenas cada, localizado no Novo México (EUA). O VLA é operado pelo NRAO (National Radio Astronomy Observatory).
rádio
O rádio é a banda do espectro electromagnético de maior comprimento de onda (menor frequência) e cobre a gama de comprimentos de onda superiores a 0,85 milímetros. O domínio do rádio divide-se no submilímetro, milímetro, microondas e rádio.
de uma amostra das galáxias submilimétricas. A resolução espacial destas observações já permitiu uma localização precisa das galáxias, o que não era possível com os dados do SCUBA.
O rádio é a banda do espectro electromagnético de maior comprimento de onda (menor frequência) e cobre a gama de comprimentos de onda superiores a 0,85 milímetros. O domínio do rádio divide-se no submilímetro, milímetro, microondas e rádio.
Embora as galáxias submilimétricas tenham uma emissão muito fraca no óptico, o conhecimento preciso da localização desta amostra de galáxias submilimétricas tornou possível obter espectros ópticos através de longas exposições com um dos telescópio de 10 metros do Observatório W. M. Keck
W. M. Keck Observatory
O Observatório W. M. Keck é operado pelo Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) e pela NASA, e encontra-se localizado em Mauna Kea, no Havai. O observatório é constituído por dois telescópios gémeos de 10 metros, o Keck I e o Keck II.
em Mauna Kea (Havai, EUA). A identificação de riscas de emissãoO Observatório W. M. Keck é operado pelo Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) e pela NASA, e encontra-se localizado em Mauna Kea, no Havai. O observatório é constituído por dois telescópios gémeos de 10 metros, o Keck I e o Keck II.
risca de emissão
Uma risca de emissão é uma risca brilhante num espectro de luz. Corresponde à emissão de radiação num determinado comprimento de onda devido à transição de um electrão de um nível energético mais elevado para um nível energético mais baixo de um átomo ou molécula. As riscas de emissão, tal como as de absorção, contêm informação sobre a composição química e as condições físicas do material que as produzem.
, desviadas pelo efeito de Doppler devido à expansão do Universo, permitiu que se medisse o desvio para o vermelhoUma risca de emissão é uma risca brilhante num espectro de luz. Corresponde à emissão de radiação num determinado comprimento de onda devido à transição de um electrão de um nível energético mais elevado para um nível energético mais baixo de um átomo ou molécula. As riscas de emissão, tal como as de absorção, contêm informação sobre a composição química e as condições físicas do material que as produzem.
desvio para o vermelho (z)
Designa-se por desvio para o vermelho (em inglês, redshift) o desvio do espectro de um objecto para comprimentos de onda mais longos. O desvio para o vermelho pode dever-se ao movimento do objecto a afastar-se do observador (desvio de Doppler), ou à expansão do Universo (desvio para o vermelho cósmico, ou gravitacional). O desvio para o vermelho cósmico permite estimar a distância a que o objecto se encontra: quanto maior o desvio, mais distante o objecto. O desvio de Doppler permite calcular a velocidade a que o objecto se desloca.
- redshift - das galáxias em estudo.
Designa-se por desvio para o vermelho (em inglês, redshift) o desvio do espectro de um objecto para comprimentos de onda mais longos. O desvio para o vermelho pode dever-se ao movimento do objecto a afastar-se do observador (desvio de Doppler), ou à expansão do Universo (desvio para o vermelho cósmico, ou gravitacional). O desvio para o vermelho cósmico permite estimar a distância a que o objecto se encontra: quanto maior o desvio, mais distante o objecto. O desvio de Doppler permite calcular a velocidade a que o objecto se desloca.
Numa carta à revista científica Nature, publicada a 17 de Abril, a equipa anunciou os desvios para o vermelho das primeiras 10 galáxias submilimétricas. O desvio para o vermelho está directamente relacionado com a distância a que o objecto se encontra, o que por sua vez, indica a época em que o objecto emitiu a radiação
radiação electromagnética
A radiação electromagnética, ou luz, pode ser considerada como composta por partículas (os fotões) ou ondas. As suas propriedades dependem do comprimento de onda: ondas ou fotões com comprimentos de onda mais longos traduzem radiação menos energética. A radiação electromagnética, ou luz, é usualmente descrita como um conjunto de bandas de radiação, como por exemplo o infravermelho, o rádio ou os raios-X.
que observamos. Desta amostra de 10 galáxias submilimétricas, conclui-se que o desvio para o vermelho típico destas galáxias é 2,4, o que significa que estamos a vê-las quando o Universo tinha apenas dois mil milhões de anos.
A radiação electromagnética, ou luz, pode ser considerada como composta por partículas (os fotões) ou ondas. As suas propriedades dependem do comprimento de onda: ondas ou fotões com comprimentos de onda mais longos traduzem radiação menos energética. A radiação electromagnética, ou luz, é usualmente descrita como um conjunto de bandas de radiação, como por exemplo o infravermelho, o rádio ou os raios-X.
Esta é a época do pico de actividade dos quasares
quasar
Os quasares são objectos extragalácticos extremamente brilhantes e compactos. Hoje acredita-se que são o centro de galáxias muito energéticas ainda num estado inicial da sua evolução (são, pois, núcleos galácticos activos - NGAs) e a sua energia provém de um buraco negro de massa muito elevada. Os seus desvios para o vermelho indicam que se encontram a distâncias cosmológicas. O seu nome, quasar, vem do inglês quasi-stellar object, ou seja, objecto quase estelar, devido à semelhança da sua imagem em placas fotográficas com a imagem de uma estrela.
, que são núcleos galácticos activos onde se julga existir um buraco negroOs quasares são objectos extragalácticos extremamente brilhantes e compactos. Hoje acredita-se que são o centro de galáxias muito energéticas ainda num estado inicial da sua evolução (são, pois, núcleos galácticos activos - NGAs) e a sua energia provém de um buraco negro de massa muito elevada. Os seus desvios para o vermelho indicam que se encontram a distâncias cosmológicas. O seu nome, quasar, vem do inglês quasi-stellar object, ou seja, objecto quase estelar, devido à semelhança da sua imagem em placas fotográficas com a imagem de uma estrela.
buraco negro
Um buraco negro é um objecto cuja gravidade é tão forte que a sua velocidade de escape é superior à velocidade da luz. Em Astronomia, distinguem-se dois tipos de buraco negro: os buracos negros estelares, que resultam da morte de uma estrela de massa elevada, e os buracos negros galácticos, que existem no centro das galáxias activas.
central de massaUm buraco negro é um objecto cuja gravidade é tão forte que a sua velocidade de escape é superior à velocidade da luz. Em Astronomia, distinguem-se dois tipos de buraco negro: os buracos negros estelares, que resultam da morte de uma estrela de massa elevada, e os buracos negros galácticos, que existem no centro das galáxias activas.
massa
A massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
elevada a engolir a matéria que o rodeia. Esta coincidência temporal indica a possibilidade de existir uma relação próxima entre o crescimento de buracos negros de massa elevada e galáxias luminosas poeirentas - a elevada luminosidadeA massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
luminosidade
A luminosidade (L) é a quantidade de energia que um objecto celeste emite por unidade de tempo e em determinado comprimento de onda, ou em determinada banda de comprimentos de onda.
das galáxias submilimétricas sugere que contêm um vasto número de estrelas jovens escondidas pela poeira.
A luminosidade (L) é a quantidade de energia que um objecto celeste emite por unidade de tempo e em determinado comprimento de onda, ou em determinada banda de comprimentos de onda.
Este estudo deduz ainda a densidade
densidade
Em Astrofísica, densidade é o mesmo que massa volúmica: é a massa por unidade de volume.
espacial das galáxias submilimétricas dois mil milhões de anos depois do Big Bang, e conclui que era cerca de 1000 vezes superior à densidade espacial de galáxias de semelhante luminosidade no presente. Este facto confirma as galáxias submilimétricas como uma componente importante na formação de estrelas no Universo jovem.
Em Astrofísica, densidade é o mesmo que massa volúmica: é a massa por unidade de volume.
Fonte da notícia: Chapman, Blain, Ivison & Smail 2003 Nature, vol. 422, pág. 695-698