Mais de 30 anos depois de ter sido lançada, parece que a sonda Pioneer 10 (NASA) enviou o seu último sinal para a Terra, recebido a 22 de Janeiro de 2003. Os engenheiros da NASA explicaram que a fonte de energia da Pioneer 10, um gerador termonuclear de radioisótopos, decaíu e poderá não ter energia suficiente para enviar mais transmissões para a Terra. A última tentativa de contacto, a 7 de Fevereiro de 2003, não obteve resposta. Os 3 últimos contactos, incluindo o de 22 de Janeiro, foram muito fracos e sem telemetria recebida. A última vez que a Pioneer 10 enviou dados de telemetria foi em Abril de 2002. A NASA não tem planeadas mais tentativas de contacto com a Pioneer 10.

A Pioneer 10 foi uma pioneira na verdadeira assepção da palavra. Depois de ter passado Marte, no seu caminho para o espaço profundo, começou a aventurar-se em locais onde nada construído pelo Homem tinha alguma vez passado. Originalmente desenhada para uma missão de 21 meses, a sonda durou 30 anos.

A Pioneer 10 foi lançada em Março de 1972 num foguetão de 3 estágios e atingiu a velocidade de 51 850 km/h, necessária para que o seu vôo alcançasse Júpiter. Em 11 horas, passou a Lua e, em apenas 12 semanas, atravessou a órbita de Marte, a cerca de 80 milhões de quilómetros de nós. Em Julho de 1972, a Pioneer 10 entrou na cintura de asteróides - uma região, em forma de toro, com cerca de 280 milhões de quilómetros de largura e 80 milhões de quilómetros de espessura, onde se acumulam asteróides com velocidades que podem atingir 72 000 km/h, e cujos tamanhos vão desde partículas de poeira até bocados de rocha do tamanho do Alaska. A sonda atravessou esta região sem ser danificada.

Acelerando até uma velocidade de 131 000 km/h, a Pioneer 10 alcançou Júpiter em Dezembro de 1973. Foi a primeira a fazer observações directas e a obter imagens pormenorizadas de Júpiter. Também registou as cinturas de radiação do planeta, localizou o campo magnético do planeta e estabeleceu que Júpiter era predominantemente um planeta líquido. Em 1983, passou a órbita de Plutão, o planeta mais distante do Sol.

Depos da sua aproximação a Júpiter, a Pioneer 10 explorou as regiões mais periféricas do Sistema Solar, estudando o vento solar e os raios cósmicos. A missão científica da sonda só terminou em Março de 1997. A partir dessa altura, a Pioneer 10 passou a integrar um programa de desenvolvimento de tecnologia de comunicação da NASA. No último contacto, a sonda encontrava-se a 12 mil milhões de quilómetros da Terra, ou seja, 82 vezes a distância Terra-Sol. A esta distância, o sinal de rádio demora mais de 11 horas e 20 minutos a chegar à Terra, viajando à velocidade da luz.

Como um primeiro emissário da Terrra para o espaço, a bordo encontra-se uma placa em ouro que descreve a aparência do Homem, a localização da Terra e a data em que a missão começou. A Pioneer 10 continuará a navegar silenciosamente, tal como um navio fantasma, para o espaço interestelar, na direcção da estrela vermelha Aldebarã (o olho da constelação do Touro). Se nada lhe acontecer no caminho, demorará mais de 2 milhões de anos a percorrer os 68 anos-luz que a separam de Aldebarã.

Fonte da notícia: http://www.nasa.gov/HP_news_03082.html