Astrónomos determinam a distribuição de matéria escura
2002-01-09
A distribuição em larga escala da misteriosa matéria escura
Esta descoberta implica que o Universo é surpreendentemente simples: a matéria escura poderia apresentar-se mais acumulada do que a matéria normal, ou vice-versa, mas no entanto elas distribuem-se de forma semelhante.
Os astrónomos acreditam que pequenas aglomerações de matéria escura, nos primórdios do Universo, foram as sementes das galáxias. Este resultado irá colocar fortes constrangimentos em teorias sobre o local e processos de formação das galáxias, diz Alan Heavens da Universidade de Edinburgh (Inglaterra).
O campo gravítico da matéria escura leva as galáxias a formarem estruturas em forma de lâminas e filamentos. Com este levantamento, Heavens e Verde (das Universidades de Princeton e Rutgers - EUA) e seus colaboradores mostraram que a distribuição em larga escala das galáxias com este tipo de estrutura é justamente o que se espera se as galáxias e a matéria escura se aglomerarem da mesma maneira.
O resultado também confirma descobertas anteriores que pareciam indicar não haver matéria escura suficiente para parar a expansão do Universo. "O conhecimento da distribuição da matéria escura revela igualmente a sua quantidade" diz Verde - cerca de sete vezes mais do que a matéria ordinária, mas somente 1/4 do que seria necessário para travar a expansão do Universo.
Num outro estudo, Lahav e Bridle (ambos do Instituto de Astronomia da Universidade de Cambridge - Inglaterra) e seus colaboradores compararam as flutuações nas distribuições obtidas pelo levantamento 2df e pela análise da Radiação Cósmica de Fundo. Verficaram que a distribuição de galáxias luminosas e a distribuição de massa
Outro resultado importante refere-se às flutuações na distribuição de massa. A amplitude destas flutuações é 20% menor do que o esperado, sugerindo que o desenvolvimento de estruturas no Universo terá sido mais suave, produzindo menos enxames de galáxias
Este resultado fornece aos astrónomos uma indicação da eficiência do processo pelo qual se formam as galáxias que observamos, tal como a nossa Via Láctea
O levantamento 2dF deu origem à maior base de dados de galáxias, contendo mais de 210.000 entradas.
Fonte da notícia: http://www.aao.gov.au/press/darkmatter-11dec01
matéria escura
A matéria escura é matéria que não emite luz e por isso não pode ser observada directamente, mas cuja existência é inferida pela sua influência gravitacional na matéria luminosa, ou prevista por certas teorias. Por exemplo, os astrónomos acreditam que as regiões mais exteriores das galáxias, incluindo a Via Láctea, têm de possuir matéria escura devido às observações do movimento das estrelas. A Teoria Inflacionária do Universo prevê que o Universo tem uma densidade elevada, o que só pode ser verdade se existir matéria escura. Não se sabe ao certo o que constitui a matéria escura: poderão ser partículas subatómicas, buracos negros, estrelas de muito baixa luminosidade, ou mesmo uma combinação de vários destes ou outros objectos.
existente no nosso Universo é semelhante à distribuição das galáxiasA matéria escura é matéria que não emite luz e por isso não pode ser observada directamente, mas cuja existência é inferida pela sua influência gravitacional na matéria luminosa, ou prevista por certas teorias. Por exemplo, os astrónomos acreditam que as regiões mais exteriores das galáxias, incluindo a Via Láctea, têm de possuir matéria escura devido às observações do movimento das estrelas. A Teoria Inflacionária do Universo prevê que o Universo tem uma densidade elevada, o que só pode ser verdade se existir matéria escura. Não se sabe ao certo o que constitui a matéria escura: poderão ser partículas subatómicas, buracos negros, estrelas de muito baixa luminosidade, ou mesmo uma combinação de vários destes ou outros objectos.
galáxia
Um vasto conjunto de estrelas, nebulosas, gás e poeira interestelar gravitacionalmente ligados. As galáxias classificam-se em três categorias principais: espirais, elípticas e irregulares.
, de acordo com os cientistas que analisaram dados obtidos com o gigantesco 2dF Galaxy Redshift SurveyUm vasto conjunto de estrelas, nebulosas, gás e poeira interestelar gravitacionalmente ligados. As galáxias classificam-se em três categorias principais: espirais, elípticas e irregulares.
Two Degree Field Galaxy Redshift Survey (2dF)
Trata-se de um levantamento espectroscópico para obtenção de desvios para o vermelho de 250 000 galáxias no hemisfério sul, realizado no Observatório Anglo-Australiano, situado na Austrália. Este levantamento permitirá obter um mapa a 3 dimensões do céu do sul.
, um levantamento de galáxias a diferentes desvios para o vermelhoTrata-se de um levantamento espectroscópico para obtenção de desvios para o vermelho de 250 000 galáxias no hemisfério sul, realizado no Observatório Anglo-Australiano, situado na Austrália. Este levantamento permitirá obter um mapa a 3 dimensões do céu do sul.
desvio para o vermelho (z)
Designa-se por desvio para o vermelho (em inglês, redshift) o desvio do espectro de um objecto para comprimentos de onda mais longos. O desvio para o vermelho pode dever-se ao movimento do objecto a afastar-se do observador (desvio de Doppler), ou à expansão do Universo (desvio para o vermelho cósmico, ou gravitacional). O desvio para o vermelho cósmico permite estimar a distância a que o objecto se encontra: quanto maior o desvio, mais distante o objecto. O desvio de Doppler permite calcular a velocidade a que o objecto se desloca.
, efectuado com o Telescópio Anglo-Australiano de 3.9 metros situado na Austrália.
Designa-se por desvio para o vermelho (em inglês, redshift) o desvio do espectro de um objecto para comprimentos de onda mais longos. O desvio para o vermelho pode dever-se ao movimento do objecto a afastar-se do observador (desvio de Doppler), ou à expansão do Universo (desvio para o vermelho cósmico, ou gravitacional). O desvio para o vermelho cósmico permite estimar a distância a que o objecto se encontra: quanto maior o desvio, mais distante o objecto. O desvio de Doppler permite calcular a velocidade a que o objecto se desloca.
Esta descoberta implica que o Universo é surpreendentemente simples: a matéria escura poderia apresentar-se mais acumulada do que a matéria normal, ou vice-versa, mas no entanto elas distribuem-se de forma semelhante.
Os astrónomos acreditam que pequenas aglomerações de matéria escura, nos primórdios do Universo, foram as sementes das galáxias. Este resultado irá colocar fortes constrangimentos em teorias sobre o local e processos de formação das galáxias, diz Alan Heavens da Universidade de Edinburgh (Inglaterra).
O campo gravítico da matéria escura leva as galáxias a formarem estruturas em forma de lâminas e filamentos. Com este levantamento, Heavens e Verde (das Universidades de Princeton e Rutgers - EUA) e seus colaboradores mostraram que a distribuição em larga escala das galáxias com este tipo de estrutura é justamente o que se espera se as galáxias e a matéria escura se aglomerarem da mesma maneira.
O resultado também confirma descobertas anteriores que pareciam indicar não haver matéria escura suficiente para parar a expansão do Universo. "O conhecimento da distribuição da matéria escura revela igualmente a sua quantidade" diz Verde - cerca de sete vezes mais do que a matéria ordinária, mas somente 1/4 do que seria necessário para travar a expansão do Universo.
Num outro estudo, Lahav e Bridle (ambos do Instituto de Astronomia da Universidade de Cambridge - Inglaterra) e seus colaboradores compararam as flutuações nas distribuições obtidas pelo levantamento 2df e pela análise da Radiação Cósmica de Fundo. Verficaram que a distribuição de galáxias luminosas e a distribuição de massa
massa
A massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
, em escalas maiores do que 30 milhões de anos-luzA massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
ano-luz (al)
O ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
, são concordantes. Este resultado corrobora a descoberta de Verde e Heavens, baseada num método completamente distinto.
O ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
Outro resultado importante refere-se às flutuações na distribuição de massa. A amplitude destas flutuações é 20% menor do que o esperado, sugerindo que o desenvolvimento de estruturas no Universo terá sido mais suave, produzindo menos enxames de galáxias
enxame de galáxias
Um enxame, ou aglomerado, de galáxias é um conjunto de galáxias gravitacionalmente ligadas. A Via Láctea pertence ao aglomerado chamado Grupo Local de galáxias. O enxame de galáxias mais próximo de nós é o Enxame da Virgem.
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Um enxame, ou aglomerado, de galáxias é um conjunto de galáxias gravitacionalmente ligadas. A Via Láctea pertence ao aglomerado chamado Grupo Local de galáxias. O enxame de galáxias mais próximo de nós é o Enxame da Virgem.
Este resultado fornece aos astrónomos uma indicação da eficiência do processo pelo qual se formam as galáxias que observamos, tal como a nossa Via Láctea
Via Láctea
A Via Láctea é a galáxia de que faz parte o nosso Sistema Solar. Trata-se de uma galáxia espiral gigante, com um diâmetro de cerca de 160 mil anos-luz e uma massa da ordem de 100 mil milhões de vezes a massa do Sol.
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A Via Láctea é a galáxia de que faz parte o nosso Sistema Solar. Trata-se de uma galáxia espiral gigante, com um diâmetro de cerca de 160 mil anos-luz e uma massa da ordem de 100 mil milhões de vezes a massa do Sol.
O levantamento 2dF deu origem à maior base de dados de galáxias, contendo mais de 210.000 entradas.
Fonte da notícia: http://www.aao.gov.au/press/darkmatter-11dec01