Resolvido mistério do sódio na atmosfera de Io

2003-01-19

Imagem obtida pela Voyager 1, em 1979, de uma erupção vulcânica em Io. Crédito: NASA/JPL.
Astrónomos da Universidade Johns Hopkins (EUA) e do Observatório de Paris (França) resolveram o enigma da presença de sódio na atmosfera
atmosfera
1- Camada gasosa que envolva um planeta ou uma estrela. No caso das estrelas, entende-se por atmosfera as suas camadas mais exteriores. 2- A atmosfera (atm) é uma unidade de pressão equivalente a 101 325 Pa.
de Io que perdurava há já 30 anos. Foi o norteamericano Bob Brown que, em 1974 e enquanto testava um espectrógrafo que acabara de construir, descobriu a existência de sódio em nuvens de gás neutro na atmosfera de Io.

Durante anos, a origem do sódio na atmosfera de Io permaneceu um mistério, apesar das inúmeras tentativas de encontrar o mecanismo por ele responsável. Contudo, estudos recentes levaram à detecção de iões
ião
Átomo ou molécula que perdeu ou ganhou um ou mais electrões.
de cloro numa nuvem gasosa electrizada em forma de donut em redor de Io, constituíndo um toro de plasma
plasma
O plasma é um gás completamente ionizado, em que a temperatura é demasiado elevada para que os átomos existam como tal, sendo composto por electrões e núcleos atómicos livres. É chamado o quarto estado da matéria, para além do sólido, líquido e gasoso.
. De acordo com modelos teóricos, isto sugere que a fonte de sódio deve ser cloreto de sódio, ou seja, sal. Novas observações de Io foram então levadas a cabo de modo a detectar directamente a presença de sal.

Finalmente, em Janeiro de 2002, observações efectuadas com o radiotelescópio IRAM, uma antena com 30 metros situada em Granada (Espanha), confirmaram a presença de cloreto de sódio na atmosfera de Io. Os investigadores concluíram que isso se deve ao facto dos vulcões de Io expelirem para a atmosfera quantidades significativas de cloreto de sódio. Na verdade, parece haver nos gases vulcânicos sal em quantidade suficiente para explicar tanto o sódio observado nas nuvens neutras, como os iões de cloro presentes no toro de plasma.

Estes resultados foram recentemente publicados na revista Nature.

Fonte da notícia: http://www.newswise.com/articles/2002/12/IO.JHU.html