Uma enorme estrutura à volta da Via Láctea foi descoberta por uma equipa internacional de astrónomos. No encontro da Sociedade Americana de Astronomia, Annette Ferguson (Universidade de Groningen, Holanda) e os seus colaboradores anunciaram que os seus dados observacionais sugerem que, circundando o disco da nossa Galáxia, encontra-se um anel gigante de centenas de milhões de estrelas. Apesar do seu tamanho, o anel nunca foi observado porque as estrelas espalham-se por todo o céu e o seu número é muito menor quando comparado com as dezenas de milhares de milhões de estrelas que constituem o resto da galáxia.

Esta descoberta só foi possível graças aos primeiros levantamentos de grandes áreas do céu com câmaras de CCD muito sensíveis. Ao compararem dois levantamentos de regiões diferentes do céu, os investigadores aperceberam-se que tinham evidências do que parece ser um anel completo de estrelas longínquas que envolvem a região externa do disco da nossa Galáxia.

Embora se saiba que o disco da Via Láctea não é plano, mas sim dobrado (provavelmente devido a interacções com galáxias satélites), sempre se supôs que fosse uma estrutura relativamente simples. O disco tem por volta de 100 000 anos-luz de diâmetro e o Sol encontra-se a cerca de 30 000 anos-luz do centro, na direcção da constelação do Unicórnio. Foi nesta região do céu que um grupo de investigadores descobriu uma população de estrelas longínquas e sugeriu tratar-se de uma galáxia satélite. Mas agora, este novo estudo mostra que outros campos observados por outros levantamentos na constelação de Andrómeda, a 100° do Unicórnio, também revelam uma população estelar exterior, quase idêntica àquela observada no Unicórnio, indicando que possivelmente se trata de um anel de estrelas à volta do disco externo da galáxia e não de galáxias satélites. Esta população de estrelas está confinada ao plano galáctico e segue a distribuição vertical do chamado disco grosso da Via Láctea. A análise de campos adicionais noutras direcções veio confirmar a presença do anel, permitindo aos astrónomos obterem as primeiras estimativas do tamanho da estrutura.

O anel recém-descoberto envolve o disco galáctico, mas é consideravelmente mais largo e a sua forma assemelha-se a um donut. Embora não saibam como se formou, os investigadores acreditam que as estrelas que o constituem são velhas. Um cenário plausível é tratar-se dos destroços de uma galáxia satélite desfeita pelas forças de maré. A explicação preferida por estes investigadores é que as estrelas pertenciam ao disco da nossa galáxia, mas as suas órbitas foram perturbadas pela formação sucessiva de dobras no disco exterior, resultando um anel exterior ao disco. Ainda uma outra possibilidade é estar-se a observar mais um braço espiral, ou vários fragmentos de um braço.

Estudos detalhados da estrutura da Via Láctea e de outras galáxias dizem-nos como é que se formaram as galáxias e como evoluíram ao longo da vida do Universo. Se as estrelas mais velhas nesta estrutura anelar fazem parte do disco externo, coloca-se um desafio interessante para modelos de formação de galáxias; em alternativa, se são os restos de uma galáxia satélite desfeita, então fornecerão uma oportunidade única para estudar os efeitos da acreção de massas elevadas pelo disco de uma galáxia grande.

Fonte da notícia: http://www.spaceref.com/news/viewnews.html?id=678