A determinação do tamanho de estrelas pequenas era, até há pouco tempo, impossível devido à fraca luminosidade destes objectos aliada à falta de instrumentação adequada. No entanto, o interesse dos astrónomos em medir o raio de estrelas de pequena massa é muito grande, pois possibilita informação sobre o comportamento da matéria em condições muito diferentes das do Sol. Numa estrela normal como o Sol, a matéria comporta-se como um gás perfeito, sendo o tamanho da estrela proporcional à sua massa. Mas em estrelas de pequena massa, os efeitos quânticos tornam-se importantes e o gás torna-se degenerado, resistindo muito mais à pressão do que um gás perfeito.

A uma distância de apenas 4,2 anos-luz, Proxima Centauri é a estrela mais próxima do Sol que se conhece. É visível como um objecto de magnitude 11 na constelação austral de Centaurus e é o membro menos brilhante do sistema triplo que forma com Alpha Centauri, a estrela dupla mais brilhante na constelação.

Proxima Centauri é uma estrela anã do tipo espectral M tardio, um dos tipos de estrela mais comum na nossa galáxia. São estrelas de pequena massa e pouca luminosidade, encontrando-se perto do limite da transição de estrela para anã castanha. Com cerca de um sétimo da massa do Sol, a sua temperatura à superfície é de "apenas" 3 000 graus, cerca de metade da temperatura à superfície do Sol. Consequentemente, é muito menos brilhante do que a nossa estrela - a sua magnitude intrínseca é 1/150 vezes a do Sol! Proxima Centauri encontra-se no extremo das estrelas de pequena massa - se tivesse metade da sua massa, seria demasiado leve para queimar hidrogénio em hélio, e seria uma anã castanha e não uma estrela.

Medir o tamanho destas estrelas pequenas e pouco luminosas só se tornou possível recentemente com o VLTI (o interferómetro do VLT no Observatório do Paranal, ESO), o instrumento VINCI e o novo software especialmente desenvolvido para a difícil análise dos dados. O VLTI presentemente opera com dois telescópios de 8,2 m do VLT separados de 102,4 metros, proporcionando a resolução necessária para medir pequenos discos estelares. O tamanho dos telescópios é suficientemente grande para permitir a observação de objectos pouco brilhantes, que normalmente não podem ser estudados com interferometria.

Quando se realizaram as primeiras observações com o VLTI há um ano atrás, que combinaram a luz de dois telescópios do VLT - o ANTU e o MELIPAL -, também se obtiveram medições interferométricas para Proxima Centauri e outras três estrelas. Obter resultados físicos a partir das observações não foi fácil, pois os dados obtidos pelo VLTI necessitaram de processamento extensivo antes de poderem ser astrofisicamente interpretados. Isto porque os telescópios do VLT ainda não estão equipados com a óptica adaptativa que elimina o "ruído" provocado pelos efeitos da turbulência da atmosfera terrestre. Uma equipa internacional de astrónomos da Suíça, França e ESO/Chile desenvolveu um software especial para o tratamento destes dados, obtendo assim, pela primeira vez, uma medição rigorosa do tamanho de uma estrela pequena. O diâmetro angular de Proxima Centauri é 1,02 ± 0,08 milissegundos de arco, ou seja, aproximadamente o tamanho de um astronauta na Lua visto da Terra! Os resultados para as outras três estrelas que também foram medidas estão em excelente acordo com a teoria estelar, como se encontra ilustrado na figura ao lado, indicando que a nossa compreensão da estrutura e composição de estrelas muito pequenas está razoavelmente correcta.

Fonte da notícia: http://http.hq.eso.org/outreach/press-rel/pr-2002/pr-22-02.html