Web Traub e Ken Jucks, astrónomos do Centro Harvard-Smithsonian para a Astrofísica (CfA, EUA), em colaboração com cientistas do Observatório Steward da Universidade do Arizona, identificaram assinaturas chave da presença de vida na Terra mediante o estudo da luz reflectida pelo lado escuro da Lua. Estes investigadores encontraram sinais claros da presença de água, um ingrediente necessário para a existência de vida tal como a entendemos, e de oxigénio molecular que, como se sabe, tem que ser continuamente reintroduzido na atmosfera pelos processos e mecanismos da vida, por forma a que não diminua o seu teor em oxigénio. Foram ainda observados possíveis indícios da presença de clorofila, indicando a existência de plantas à superfície. Estes traços que caracterizam a vida aqui na Terra deverão orientar as nossas buscas de planetas extra-solares que possam albergar vida numa forma semelhante àquela que conhecemos.

Mas como é que se chega a esta conclusão a partir da observação da face escura da Lua? Primeiro, há que lembrar que a identificação de elementos químicos se faz com base na decomposição da luz que nos chega, isto é, efectuando observações de espectroscopia. Mas imaginemos que nos encontrávamos a uma grande distância da Terra: qual seria o espectro que obteríamos? Seguramente, não seria semelhante àquele que podemos obter usando um satélite em órbita equipado com um espectrómetro visto as distâncias de observação não serem de todo comparáveis. Então como fazer?

De facto, a resposta é bastante simples. Uma vez que a Lua não possui atmosfera, o espectro da luz que nos chega do lado que é iluminado directamente pelo Sol é basicamente o espectro da luz solar. Por outro lado, a Terra possui uma atmosfera que absorve alguma da radiação do Sol, devolvendo para o espaço a radiação restante. Assim, o espectro da luz proveniente da Terra que vai ser reflectida na face escura da Lua resulta da sobreposição do espectro do Sol e do espectro da atmosfera da Terra. Por subtracção dos espectros obtidos nas faces iluminada e escura da Lua podemos assim obter directamente o espectro da atmosfera da Terra!

Fonte da notícia: http://cfa-www.harvard.edu/previous/latest.html