Música estelar: os sons das mais antigas estrelas da Via Láctea

2016-06-08

Imagem do enxame globular M4, feita com o telescópio MPG/ESO de 2,2 m, no Observatório de La Silla, Chile. Os círculos amarelos marcam as posições das estrelas observadas no estudo. Crédito: ESO / University of Birmingham.
Astrofísicos da Universidade de Birmingham capturaram os sons de algumas das mais antigas estrelas
estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a 8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas, cores, idades e composição química.
da Via Láctea
Via Láctea
A Via Láctea é a galáxia de que faz parte o nosso Sistema Solar. Trata-se de uma galáxia espiral gigante, com um diâmetro de cerca de 160 mil anos-luz e uma massa da ordem de 100 mil milhões de vezes a massa do Sol.
.

A equipa de investigação, da Escola de Física e Astronomia da Universidade de Birmingham, relatou a deteção de oscilações acústicas ressonantes em estrelas do enxame globular M4, um dos mais antigos enxames de estrelas da Galáxia que se conhecem, com cerca de 13 mil milhões de anos.

A equipa estudou as oscilações ressonantes das estrelas usando dados da missão da NASA
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
Kepler/K2 e através de astrossismologia. As oscilações levam a minúsculas variações no brilho
brilho
O brilho de um astro refere-se à quantidade de luz que dele provém, ou seja, a quantidade de energia por ele emitida por unidade de área por unidade de tempo. Dado que o brilho observado, ou medido, depende da distância ao objecto, distingue-se o brilho aparente (quando medido a uma determinada distância), do brilho intrínseco (conceptualmente medido na supefície do próprio astro).
, pulsos de luminosidade
luminosidade
A luminosidade (L) é a quantidade de energia que um objecto celeste emite por unidade de tempo e em determinado comprimento de onda, ou em determinada banda de comprimentos de onda.
, que são provocados pelo som aprisionado dentro das estrelas. Medindo os tons desta "música estelar", é possível determinar a massa
massa
A massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
e a idade das estrelas individuais.

O som de cada estrela pode ser ouvido aqui: http://bit.ly/1TVRnjk - passando o cursor sobre os círculos amarelos.

A descoberta abre uma porta para o uso da astrossismologia no estudo da história dos primórdios da nossa Galáxia.

"Ficámos muito satisfeitos por sermos capazes de ouvir algumas das relíquias estelares do início do Universo. As estrelas que estudámos são realmente fósseis vivos da época de formação da nossa Galáxia, e esperamos agora ser capazes de desvendar os segredos da formação e evolução de galáxias
galáxia
Um vasto conjunto de estrelas, nebulosas, gás e poeira interestelar gravitacionalmente ligados. As galáxias classificam-se em três categorias principais: espirais, elípticas e irregulares.
espirais, como a nossa” declarou Andrea Miglio, da Escola de Física e Astronomia da Universidade de Birmingham, que conduziu o estudo.

Guy Davies, também da mesma escola e coautor do estudo, acrescentou: "A escala de idades das estrelas tem sido até agora limitada às relativamente jovens, restringindo a nossa capacidade de sondar a história inicial da nossa Galáxia. Nesta investigação, fomos capazes de provar que a astrossismologia pode fornecer idades precisas para as estrelas mais antigas da Via Láctea.”

Bill Chaplin, Professor da Escola de Física e Astronomia da Universidade de Birmingham, que liderou a colaboração internacional em astrossismologia, disse ainda: "Da mesma forma que os arqueólogos podem revelar o passado escavando a terra, nós podemos usar o som do interior das estrelas para fazer arqueologia galáctica.”

A investigação foi publicada na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Fonte da notícia: http://www.ras.org.uk/news-and-press/2855-asteroseismologists-listen-to-the-relics-of-the-milky-way-sounds-from-the-oldest-stars-in-our-galaxy