Graças ao Telescópio Espacial Spitzer e ao WISE (Wide-field Infrared Survey Explorer), ambos da NASA, os astrónomos descobriram um enxame gigantesco de galáxias numa parte muito remota do Universo. O enxame, localizado a 8,5 mil milhões de anos-luz, é a mais massiva estrutura encontrada a tão grandes distâncias.

Os enxames de galáxias são grupos com milhares de galáxias ligadas gravitacionalmente, contendo cada uma delas centenas de milhares de milhões de estrelas. Os enxames vão crescendo com o tempo, à medida que adquirem novos membros.

Como evoluíram estes aglomerados ao longo do tempo? Como eram há milhares de milhões de anos atrás? Para responderem a estas perguntas, os astrónomos olham para o passado, para quando o nosso Universo era jovem. Como a luz demora a chegar até nós, podemos ver objetos muito distantes tal como eram no passado. Por exemplo, estamos a ver este novo enxame de galáxias – que se chama MOO J1142+1527 (onde MOO quer dizer Objeto Massivo e Superdenso - Massive Overdense Object) - tal como era há 8,5 mil milhões de anos, muito antes da formação da Terra.

À medida que percorre o seu caminho até nós, a luz de galáxias distantes vai sendo alongada para maiores comprimentos de onda, infravermelhos, pela expansão do espaço. É aí que o WISE e o Spitzer podem ajudar.

Para os telescópios espaciais infravermelhos, detetar galáxias distantes é como arrancar cerejas maduras de uma cerejeira. Nas imagens infravermelhas produzidas pelo Spitzer, estas galáxias distantes destacam-se como pontos vermelhos, enquanto as galáxias mais próximas surgem a branco.

Primeiro, os astrónomos investigaram o catálogo do WISE para encontrarem candidatos a enxames de galáxias distantes. De 2010 a 2011, o WISE catalogou centenas de milhões de objetos em imagens de todo o céu. Depois, usaram o Spitzer para reduzirem a amostra para os 200 objetos mais interessantes, no projeto MaDCoWS (Massive and Distant Clusters of WISE Survey). Ao contrário do WISE, o Spitzer não observa todo o céu, mas pode ver mais em detalhe.

"É a combinação do Spitzer e do WISE que nos permite reduzir a amostra de um quarto de milhar de milhão de objetos até aos enxames de galáxias de maior massa no céu", disse Anthony Gonzalez, da Universidade da Flórida, em Gainesville, principal autor do estudo publicado na edição de 20 de outubro do Astrophysical Journal Letters.

Nestas observações, MOO J1142+1527 destacou-se como um dos enxames mais extremos.

Os observatórios W.M. Keck e Gemini, em Mauna Kea, no Havai, foram usados para medir a distância a que fica o enxame: 8,5 mil milhões de anos-luz. Utilizando dados dos telescópios CARMA (Combined Array for Research in Millimeter-wave Astronomy), perto de Owens Valley, na Califórnia, os cientistas foram capazes de determinar que a massa do enxame é mil biliões de vezes a do Sol - sendo o mais massivo enxame distante no espaço e no tempo.

De acordo com as estimativas dos cientistas, MOO J1142+1527 pode ser um dos poucos enxames do início do Universo com esta dimensão.

"Com base no que sabemos a respeito de como os enxames de galáxias crescem desde o início do Universo, este enxame deve ser um dos cinco mais massivos que existiram naquela altura," disse o co-autor Peter Eisenhardt, cientista do projeto WISE no JPL da NASA, em Pasadena, Califórnia.

No próximo ano, a equipa planeia investigar com o Spitzer mais de 1700 candidatos a enxames de galáxias, procurando os maiores do grupo.

"Encontrando os enxames de maior massa, podemos começar a investigar a evolução das galáxias nestes ambientes extremos", disse Gonzalez.

Fonte da notícia: http://www.nasa.gov/feature/jpl/whopping-galaxy-cluster-spotted-with-help-of-nasa-telescopes