Buraco negro revela grande erupção de raios-X
2015-10-28
Este diagrama mostra como uma coroa pode criar uma erupção de raios-X em torno de um buraco negro. A coroa (característica representada em cores arroxeadas) comprime-se (à esquerda), tornando-se mais brilhante, antes de ser ejetada do buraco negro (ao meio e à direita). Os astrónomos não sabem ainda porque se movem as coroas, mas aprenderam que este processo leva a um aumento do brilho da luz de raios-X que pode ser observada pelos telescópios. Crédito: NASA/JPL-Caltech.
buraco negro
Um buraco negro é um objecto cuja gravidade é tão forte que a sua velocidade de escape é superior à velocidade da luz. Em Astronomia, distinguem-se dois tipos de buraco negro: os buracos negros estelares, que resultam da morte de uma estrela de massa elevada, e os buracos negros galácticos, que existem no centro das galáxias activas.
tornaram-se recentemente um pouco menos misteriosos, com as novas observações das missões SwiftUm buraco negro é um objecto cuja gravidade é tão forte que a sua velocidade de escape é superior à velocidade da luz. Em Astronomia, distinguem-se dois tipos de buraco negro: os buracos negros estelares, que resultam da morte de uma estrela de massa elevada, e os buracos negros galácticos, que existem no centro das galáxias activas.
Swift Gamma-ray Burst Explorer
O observatório espacial Swift é uma missão da NASA em colaboração com outros países, lançada em Novembro de 2004 e com uma duração prevista de 2 anos. O objectivo é estudar as fulgurações de raios gama em vários comprimentos de onda. Para tal, conta com três instrumentos: o Burst Alert Telescope (BAT), que monitoriza o céu em raios gama à procura das fulgurações, o telescópio de raios-X XRT e o telescópio óptico e ultravioleta UVOT.
e NuSTAR da NASAO observatório espacial Swift é uma missão da NASA em colaboração com outros países, lançada em Novembro de 2004 e com uma duração prevista de 2 anos. O objectivo é estudar as fulgurações de raios gama em vários comprimentos de onda. Para tal, conta com três instrumentos: o Burst Alert Telescope (BAT), que monitoriza o céu em raios gama à procura das fulgurações, o telescópio de raios-X XRT e o telescópio óptico e ultravioleta UVOT.
National Aeronautics and Space Administration (NASA)
Entidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
. Os dois telescópios espaciais apanharam um buraco negro supermassivo a meio de uma erupção gigante de raios-XEntidade norte-americana, fundada em 1958, que gere e executa os programas espaciais dos Estados Unidos da América.
raios-X
A radiação X é a radiação electromagnética cujo comprimento de onda está compreendido entre o ultravioleta e os raios gama, ou seja, pertence ao intervalo de aproximadamente 0,1 Å a 100 Å. Descobertos em 1895, os raios-X tambêm são, por vezes, chamados de raios de Röntgen em homenagem ao seu descobridor. A radiação X é altamente penetrante, o que a torna muito útil, por exemplo, para obter radiografias.
, o que vem ajudar os astrónomos a resolver um quebra-cabeça: como se dão estas erupções nos buracos negros de grande massaA radiação X é a radiação electromagnética cujo comprimento de onda está compreendido entre o ultravioleta e os raios gama, ou seja, pertence ao intervalo de aproximadamente 0,1 Å a 100 Å. Descobertos em 1895, os raios-X tambêm são, por vezes, chamados de raios de Röntgen em homenagem ao seu descobridor. A radiação X é altamente penetrante, o que a torna muito útil, por exemplo, para obter radiografias.
massa
A massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
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A massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.
Os resultados sugerem que os buracos negros supermassivos emitem feixes de raios-X quando as coroas circundantes - fontes de partículas extremamente energéticas – saem disparadas dos buracos negros.
"Pela primeira vez, fomos capazes de relacionar a ejeção da coroa com uma erupção", disse Dan Wilkins, da Universidade de Saint Mary em Halifax, Canadá, principal autor de um novo estudo sobre os resultados, que surge na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. "Isto irá ajudar-nos a compreender como os buracos negros supermassivos alimentam alguns dos objetos mais brilhantes do Universo."
Os buracos negros supermassivos não emitem luz por si próprios, mas estão muitas vezes cercados por discos de material quente e incandescente. A gravidade de um buraco negro arrasta remoinhos de gás na sua direção, aquecendo este material e fazendo-o brilhar em diferentes tipos de luz. Outra fonte de radiação
radiação electromagnética
A radiação electromagnética, ou luz, pode ser considerada como composta por partículas (os fotões) ou ondas. As suas propriedades dependem do comprimento de onda: ondas ou fotões com comprimentos de onda mais longos traduzem radiação menos energética. A radiação electromagnética, ou luz, é usualmente descrita como um conjunto de bandas de radiação, como por exemplo o infravermelho, o rádio ou os raios-X.
perto de um buraco negro é a coroa. As coroas são compostas por partículas altamente energéticas que geram raios-X, mas os detalhes sobre a sua aparência e como se formam não são claros.
A radiação electromagnética, ou luz, pode ser considerada como composta por partículas (os fotões) ou ondas. As suas propriedades dependem do comprimento de onda: ondas ou fotões com comprimentos de onda mais longos traduzem radiação menos energética. A radiação electromagnética, ou luz, é usualmente descrita como um conjunto de bandas de radiação, como por exemplo o infravermelho, o rádio ou os raios-X.
Os astrónomos pensam que as coroas têm uma de duas configurações possíveis. O modelo “poste de luz” diz que são fontes compactas de luz, semelhantes a lâmpadas, que ficam acima e abaixo do buraco negro, ao longo do seu eixo de rotação. O outro modelo propõe que as coroas se estendem de forma mais difusa, seja como uma grande nuvem em torno do buraco negro, ou como uma "sanduíche" que envolve o disco circundante de material como fatias de pão. De facto, é possível que as coroas alternem entre ambas as configurações.
Os novos dados confirmam o modelo de “poste de luz” - e demonstram, ao mais ínfimo pormenor, como as coroas se movem. As observações tiveram início quando o Swift, que monitoriza o céu procurando explosões cósmicas de raios-X e raios gama
raios gama
Os raios gama são a componente mais energética e mais penetrante de toda a radiação electromagnética. Os fotões gama possuem energias elevadíssimas, tipicamente superiores a 10 keV, às quais correspondem comprimentos de onda inferiores a umas décimas do Ångstrom. Este tipo de radiação é, por exemplo, emitido espontaneamente por núcleos atómicos de algumas substâncias radioactivas.
, apanhou um grande clarão vindo do buraco negro supermassivo Markarian 335, ou Mrk 335, localizado a 324 milhões de anos-luzOs raios gama são a componente mais energética e mais penetrante de toda a radiação electromagnética. Os fotões gama possuem energias elevadíssimas, tipicamente superiores a 10 keV, às quais correspondem comprimentos de onda inferiores a umas décimas do Ångstrom. Este tipo de radiação é, por exemplo, emitido espontaneamente por núcleos atómicos de algumas substâncias radioactivas.
ano-luz (al)
O ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
de distância na direção da constelaçãoO ano-luz (al) é uma unidade de distância igual a 9,467305 x 1012 km, que corresponde à distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um ano.
constelação
Designa-se por constelação cada uma das 88 regiões em que se divide a abóbada celeste, por convenção de 1922.
de Pégaso. Este buraco negro gigante, que fica no centro de uma galáxiaDesigna-se por constelação cada uma das 88 regiões em que se divide a abóbada celeste, por convenção de 1922.
galáxia
Um vasto conjunto de estrelas, nebulosas, gás e poeira interestelar gravitacionalmente ligados. As galáxias classificam-se em três categorias principais: espirais, elípticas e irregulares.
, foi em tempos uma das mais brilhantes fontes de raios-X no céu.
Um vasto conjunto de estrelas, nebulosas, gás e poeira interestelar gravitacionalmente ligados. As galáxias classificam-se em três categorias principais: espirais, elípticas e irregulares.
"Algo de muito estranho aconteceu em 2007, quando Mrk 335 desvaneceu por um fator de 30. O que descobrimos é que continua a irromper em clarões, mas não atingiu os níveis de brilho
brilho
O brilho de um astro refere-se à quantidade de luz que dele provém, ou seja, a quantidade de energia por ele emitida por unidade de área por unidade de tempo. Dado que o brilho observado, ou medido, depende da distância ao objecto, distingue-se o brilho aparente (quando medido a uma determinada distância), do brilho intrínseco (conceptualmente medido na supefície do próprio astro).
e estabilidade vistos antes", disse Luigi Gallo, o principal investigador para o projeto, da Universidade de Saint Mary. Dirk Grupe, da Morehead State University, no Kentucky, coautor do estudo, tem vindo a utilizar o Swift, desde 2007, para acompanhar regularmente o buraco negro.
O brilho de um astro refere-se à quantidade de luz que dele provém, ou seja, a quantidade de energia por ele emitida por unidade de área por unidade de tempo. Dado que o brilho observado, ou medido, depende da distância ao objecto, distingue-se o brilho aparente (quando medido a uma determinada distância), do brilho intrínseco (conceptualmente medido na supefície do próprio astro).
Em setembro de 2014, o Swift captou um enorme clarão em Mrk 335. Gallo enviou então um pedido à equipa do NuSTAR para começarem a acompanhar o mais depressa possível o objeto. Oito dias mais tarde, o NuSTAR apontou os seus olhos de raios-X ao alvo, testemunhando a metade final do evento.
Depois de uma análise cuidadosa dos dados, os astrónomos perceberam que estavam a ver a ejeção, e eventual colapso, da coroa do buraco negro.
"Primeiro a coroa comprimiu-se e, em seguida, saiu disparada como um jato", disse Wilkins. "Ainda não sabemos como se formam os jatos nos buracos negros, mas é uma possibilidade empolgante que a coroa deste buraco negro estivesse a começar a formar a base de um jato antes do colapso."
Como podem os investigadores dizer que a coroa se moveu? A coroa emite luz de raios-X que tem um espectro ligeiramente diferente do da luz que vem do disco em torno do buraco negro. Analisando um espectro de luz
espectro electromagnético
O espectro electromagnético é a gama completa de comprimentos de onda da radiação electromagnética. Divide-se usualmente nas bandas dos raios gama, raios-X, ultravioleta, visível, infravermelho, submilímetro, milímetro, microondas (comprimentos de onda da ordem do centímetro) e rádio (comprimentos de onda superiores ao metro).
de raios-X de Mrk 335, em toda a gama de comprimentos de ondaO espectro electromagnético é a gama completa de comprimentos de onda da radiação electromagnética. Divide-se usualmente nas bandas dos raios gama, raios-X, ultravioleta, visível, infravermelho, submilímetro, milímetro, microondas (comprimentos de onda da ordem do centímetro) e rádio (comprimentos de onda superiores ao metro).
comprimento de onda
Designa-se por comprimento de onda a distância entre dois pontos sucessivos de amplitude máxima (ou mínima) de uma onda.
observados pelo Swift e pelo NuSTAR, os investigadores puderam dizer que a luz de raios-X da coroa ficou mais brilhante - e que esse aumento de brilho se deveu ao movimento da coroa.
Designa-se por comprimento de onda a distância entre dois pontos sucessivos de amplitude máxima (ou mínima) de uma onda.
As coroas podem mover-se muito depressa. De acordo com os cientistas, a coroa associada a Mrk 335 estava a mover-se a cerca de 20% da velocidade da luz
velocidade da luz
A velocidade da luz é a rapidez com que se propagam as ondas luminosas (ou radiação electromagnética). No vácuo, é igual a 299 790 km/s, sendo independente do referencial considerado.
. Quando isto acontece e a corona é disparada na nossa direção, a sua luz aumenta de brilho pelo efeito Doppler Relativístico.
A velocidade da luz é a rapidez com que se propagam as ondas luminosas (ou radiação electromagnética). No vácuo, é igual a 299 790 km/s, sendo independente do referencial considerado.
Juntado todos os dados, os resultados mostram que a erupção de raios-X neste buraco negro foi provocada pela ejeção da coroa.
"A natureza da fonte de energia dos raios-X a que chamamos coroa é um mistério, mas agora, com a capacidade de vermos mudanças dramáticas como esta, estamos a receber pistas sobre o seu tamanho e estrutura", disse Fiona Harrison, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena, e investigadora principal do NuSTAR, que não esteve envolvida no estudo.
Permanecem ainda muitos outros mistérios do buraco negro. Por exemplo, os astrónomos querem compreender o que causa efetivamente a ejeção da coroa.
Fonte da notícia: http://www.ras.org.uk/news-and-press/2731-black-hole-has-major-flare