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- Luís de Camões


A crise em Marte… ou talvez não

2008-10-17

Imagem de artista comparando o tamanho do Mars Science Laboratory com um dos rovers actualmente em Marte. Crédito: NASA/JPL-Caltech.
Há uns meses atrás (Abril) já aqui tínhamos alertado para os problemas que o Mars Science Laboratory (MSL), o novo rover marciano da NASA – com lançamento previsto para 2009 – estava a enfrentar. Basicamente, os custos tinham excedido largamente as previsões, e era preciso mais dinheiro. Muito dinheiro: uns 200 milhões de dólares. E claro que havia problemas técnicos na génese dessa necessidade. Porém, essa perspectiva parecia difícil de satisfazer – mesmo antes do recente agudizar da crise económica mundial. Agora, a notícia surgiu perante o grande público, e fala-se abertamente do adiamento da missão para 2011… o que, aliás, só aumentaria os custos. Portanto, pode-se dizer que haverá com toda a certeza um esforço importante para levar a missão para a rampa de lançamento a tempo e horas de aproveitar a janela que se abre em Outubro de 2009.

Apesar do clima de incerteza, nada leva a pensar que a exploração de Marte vá sofrer uma interrupção. No início do ano, o programa americano esteve sujeito a fortes críticas do então director de ciência da NASA – que, entretanto, se demitiu, fazendo a comunidade “marciana” soltar um suspiro colectivo de alívio. E já se sabe que em 2013 a NASA avançará com mais uma sonda orbital. Este novo satélite marciano, MAVEN (Mars Atmosphere and Volatile Evolution Mission), terá como objectivo principal o estudo da atmosfera marciana e da sua evolução, sobretudo dos processos que têm levado à perda de parte substancial desse envelope gasoso ao longo da história do planeta. Espera-se também que nesse mesmo ano seja finalmente enviado para Marte o rover europeu ExoMars, capaz de investigar quaisquer indícios de vida que lhe surjam à frente dos instrumentos.

Para 2016, os americanos estudam o envio de outro rover, mais pequeno que o MSL, ou seja, das dimensões dos actuais MER (Spirit e Opportunity). O papel que lhe seria atribuído seria, para lá da exploração detalhada de uma área interessante (passado com água, potencial para instalação de uma base humana futura), testar algumas tecnologias com vista à futura missão MSR – Mars Sample Return, a executar muito provavelmente na década de 20, e para a qual se procura uma vasta cooperação internacional. É verdade que falta muito tempo, mas os problemas que se colocam a uma missão desse género são também muito grandes, desde a recolha, preparação e acondicionamento de amostras de rochas e solo marcianos até ao seu envio, recepção e armazenamento na Terra. Trata-se porém de um passo fundamental na compreensão da história do planeta vermelho, e uma pedra basilar dos programas de exploração americano e europeu, quer se dê uma (desejável) convergência entre eles ou não. Só depois disso se poderá começar a falar seriamente de missões tripuladas… um sonho que está ainda a décadas da realização.

Embora haja quem afirme que poderia ser feito em menos de 10 anos. Mas essa é uma história para outra ocasião.