AVISO
Ditos
"A qualquer custo, eu estou convencido que Deus não joga aos dados."- Albert Einstein, numa carta para Max Born, 1926
Simular estrelas e galáxias para as poder ver melhor
2007-02-09
Se as lentes e o plano focal funcionarem bem, os cientistas e os engenheiros confirmam os seus cálculos e podem passar a uma fase seguinte do desenvolvimento do telescópio. Se as coisas não correrem como desejam, são obrigados a rever os seus cálculos e a encontrar novas soluções para que o telescópio funcione, devendo repetir os testes com um novo protótipo que inclua as novas soluções.
Sempre que é construído um novo telescópio espacial, as maiores novidades e as soluções mais ousadas são as primeiras a ser estudadas exaustivamente. No caso do protótipo de telescópio que testamos em Grenoble, chamado provisoriamente Gamma-Ray Imager (GRI), são duas as grandes inovações: as lentes de Laue para raios gama e a instalação do telescópio em dois satélites diferentes que voam em formação. Focar raios gama é uma novidade em astrofísica. Como os raios gama atravessam as lentes e os espelhos tradicionais como se não existissem, é complexo focá-los, todos os telescópios de raios gama lançados eram desprovidos de lentes, utilizando outras técnicas para compensar. A inovação do voo em formação no caso do GRI é fundamental e determinada pela distância focal das lentes (mais de 50 metros). Num dos satélites serão instaladas as lentes e no outro o plano focal, onde se forma a imagem produzida pelos raios gama. A distância entre os dois satélites será a mesma que a distância focal, cujos mais de 50 metros exigirão uma coordenação de movimento relativo com uma precisão inferior a um milímetro de forma a se obter uma boa imagem. Como os raios gama são invisíveis aos nossos olhos, as imagens do Universo gama captadas pelo plano focal são depois traduzidas em cores artificiais. Ver o Universo em raios gama é um complemento muito importante para percebermos o Universo visível. Muitos fenómenos só foram compreendidos ou descobertos quando os primeiros telescópios de raios gama começaram a ser enviados para o espaço. Outra particularidade dos telescópios de raios gama é obrigatoriedade de os instalar no espaço, dado que a radiação gama é absorvida pela atmosfera antes de chegar à superfície terrestre.