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Nebulosa "Olho de Gato" (NGC 6543)
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"Eu aprendi a usar a palavra "impossível" com muita cautela."- Wernher von Braun
Supernovas e o fim do Super-homem
2006-05-04
Um dos fenómenos mais espectaculares no universo é a aparição duma supernova, o fim que espera as estrelas de mais de 30 vezes a massa do Sol.
As capacidades de predição de Jor-el, o pai do Super-homem (“Superman”, 1978) deviam ser muito boas quando oode prever que a estrela de Krypton (o seu planeta) ia destruí-lo num futuro próximo. O mau para os seus vizinhos, habitantes do planeta (e o bom para nós na Terra), foi ignorar a advertência dele: os cidadãos de Krypton perderam um planeta e nós ganhamos um super herói.
Um poder semelhante tem o astrónomo protagonista do filme “A Lente do Amor” (“Addicted to Love”, 1997) que é capaz de anunciar que Alfa Orionis vai-se transformar em supernova. Uma pessoa capaz de prever tal evento converter-se-ia com certeza na mais importante e famosa da história da ciência. Ainda por cima porque Alfa Orionis, também conhecida como Betelgueuse, é uma das estrelas mais brilhantes do céu pelo que a tal supernova seria o evento astronómico mais espectacular que já foi visto na história da humanidade. Muitos astrónomos dariam o que fosse por prever uma coisa tão importante. Infelizmente só podemos notar a existência duma supernova quando já é tarde demais.
O que é o que produz um final tão especial para uma estrela? Só as estrelas de grande massa (aquelas que têm mais do que 30 vezes a massa do Sol) têm essa sorte. As reacções nucleares mantêm uma contínua luta contra a força da gravidade que faz com que a estrela se contraía. O núcleo da estrela vai consumindo elementos cada vez mais pesados: hidrogénio, hélio, carbono, nitrogénio e por aí fora até chegar ao ferro. Mas quando se atinge esta fase, o ferro não pode entregar energia ao processo de fusão (na realidade absorve energia) e o núcleo da estrela não pode continuar a produzir energia pelo que já não resiste à força da gravidade. O núcleo contrai-se e colapsa violentamente em breves segundos transformando-se numa estrela de neutrões de umas poucas dezenas de quilómetros de diâmetro. O gás que o envolve cai então literalmente sobre o núcleo, salta e cria uma onda de choque que destrói a estrela. Nesse momento formam-se os elementos mais pesados do que o ferro.
As estrelas com menor massa têm um final muito menos espectacular. No caso do Sol, quando esgotar o hidrogénio, o núcleo vai-se contrair libertando energia gravitacional. A temperatura do núcleo elevar-se-á pelo que vai necessitar mais pressão para poder manter a sua estrutura. Então o exterior vai-se expandir, a luminosidade aumentar e a temperatura superficial descer pelo que se produzirá a fusão do hidrogénio numa camada no seu núcleo. A estrela transforma-se então numa gigante vermelha. A temperatura na sua atmosfera exterior desce até uns 2000 graus pelo que olhando de fora pareceria cor de laranja ou vermelha já não amarela ou branca como até então. As reacções nucleares continuam até que já não há mais hélio para queimar no núcleo e assim evolui lentamente até que se transforma numa anã branca.
Tradução de Cristina Zurita.
Héctor Castañeda é astrónomo no Instituto de Astrofísica das Canárias e mantém um site internet com informação em castelhano.
As capacidades de predição de Jor-el, o pai do Super-homem (“Superman”, 1978) deviam ser muito boas quando oode prever que a estrela de Krypton (o seu planeta) ia destruí-lo num futuro próximo. O mau para os seus vizinhos, habitantes do planeta (e o bom para nós na Terra), foi ignorar a advertência dele: os cidadãos de Krypton perderam um planeta e nós ganhamos um super herói.
Um poder semelhante tem o astrónomo protagonista do filme “A Lente do Amor” (“Addicted to Love”, 1997) que é capaz de anunciar que Alfa Orionis vai-se transformar em supernova. Uma pessoa capaz de prever tal evento converter-se-ia com certeza na mais importante e famosa da história da ciência. Ainda por cima porque Alfa Orionis, também conhecida como Betelgueuse, é uma das estrelas mais brilhantes do céu pelo que a tal supernova seria o evento astronómico mais espectacular que já foi visto na história da humanidade. Muitos astrónomos dariam o que fosse por prever uma coisa tão importante. Infelizmente só podemos notar a existência duma supernova quando já é tarde demais.
O que é o que produz um final tão especial para uma estrela? Só as estrelas de grande massa (aquelas que têm mais do que 30 vezes a massa do Sol) têm essa sorte. As reacções nucleares mantêm uma contínua luta contra a força da gravidade que faz com que a estrela se contraía. O núcleo da estrela vai consumindo elementos cada vez mais pesados: hidrogénio, hélio, carbono, nitrogénio e por aí fora até chegar ao ferro. Mas quando se atinge esta fase, o ferro não pode entregar energia ao processo de fusão (na realidade absorve energia) e o núcleo da estrela não pode continuar a produzir energia pelo que já não resiste à força da gravidade. O núcleo contrai-se e colapsa violentamente em breves segundos transformando-se numa estrela de neutrões de umas poucas dezenas de quilómetros de diâmetro. O gás que o envolve cai então literalmente sobre o núcleo, salta e cria uma onda de choque que destrói a estrela. Nesse momento formam-se os elementos mais pesados do que o ferro.
As estrelas com menor massa têm um final muito menos espectacular. No caso do Sol, quando esgotar o hidrogénio, o núcleo vai-se contrair libertando energia gravitacional. A temperatura do núcleo elevar-se-á pelo que vai necessitar mais pressão para poder manter a sua estrutura. Então o exterior vai-se expandir, a luminosidade aumentar e a temperatura superficial descer pelo que se produzirá a fusão do hidrogénio numa camada no seu núcleo. A estrela transforma-se então numa gigante vermelha. A temperatura na sua atmosfera exterior desce até uns 2000 graus pelo que olhando de fora pareceria cor de laranja ou vermelha já não amarela ou branca como até então. As reacções nucleares continuam até que já não há mais hélio para queimar no núcleo e assim evolui lentamente até que se transforma numa anã branca.
Tradução de Cristina Zurita.
Héctor Castañeda é astrónomo no Instituto de Astrofísica das Canárias e mantém um site internet com informação em castelhano.