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"O mais importante é nunca parar de se questionar."
- Albert Einstein


Branca de neve e os sete mil milhões de anões

2016-06-02
3.Jun.- 9.Jun.2016 (Portugal)

Era uma vez uma pequena estrela redonda e branca como a neve que vivia numa galáxia chamada Via Láctea. Ao chegar à idade adulta, aventurou-se para longe do lar e das suas irmãs encontrando um novo poiso atrás de um densa floresta de estrelas, um braço espiral dessa galáxia. Em retribuição pela estadia no seu novo poiso, a estrela branca como a neve tomou conta de um dos planetas, um habitat ocupado por sete mil milhões de anões.

A estrela passou os seus dias a limpar os patogénicos da atmosfera do planeta com a sua luz ultravioleta, dando luz para os frutos, legumes e flores crescerem e fornecendo luz infravermelha para o conforto térmico do ambiente.

Inicialmente, os anões, quando ainda eram muito menos, ficaram muito agradecidos, veneravam a estrela como uma deusa e apreciavam os resultados do trabalho dela. Com o passar do tempo, porém, os anões multiplicaram-se descontrolados, ficaram freneticamente empenhados em trabalhar, lutando pelos recursos cada vez mais escassos e guerreando violentamente sobre meras preferências de opinião.



Apesar do sol muitas vezes parecer amarelo no alto do céu, ou avermelhado, alaranjado quando está junto do horizonte, a verdadeira cor do sol, para a vista humana, é branca. Crédito: GRM


Tão atarefados andavam eles que nem ligavam mais à sua estrela e ao seu contributo essencial para a vida de todos. Por isso, a grande maioria nem deu por nada e nem se interessou quando a estrela branca como a neve alterou ligeiramente o seu ciclo de atividade.

Foi um erro gigante dos anões, por assim dizer, pois deviam ter tido atenção. Durante a sua fase mais ativa, a estrela produzia numerosas manchas escuras na face e expelia vastas quantidades de matéria sobrecarregada de energia para o espaço. Estendeu também a duração da fase de repouso, na qual não produzia quase nenhumas manchas e ejeções de matéria.



A vista de todos os hominídeos, portanto nós incluídos, é sensível a três cores primárias para (a mente) criar a perceção de imagem colorida. Mas a grande maioria dos placentários capta apenas duas cores primárias. A coleção de frutos à esquerda surge tal como os hominídeos a veem. À direita, a imagem está como se pode apresentar à maioria dos mamíferos, apenas sensíveis a duas cores primárias. Estes percebem tipicamente as cores da luz de ondas curtas (azul e verde). A perceção da cor dos objetos, mesmo do sol, varia imenso conforme quem vê, mas também conforme a luz incidente.
Para aprofundar: http://tools.inspiringscience.eu/delivery/lesson/index?id=dfed6672&t=s
Crédito: GRM


O efeito foi devastador. Primeiro, durante a fase ativa, uma ejeção de matéria supergigante dirigiu-se para o planeta habitado e fritou todos os satélites em órbita e a grande maioria dos transformadores de alta voltagem. Os sete mil milhões anões ficaram assim primeiro sem os seus preciosos brinquedos de comunicação e por fim sem eletricidade durante anos a fio.

Ainda perdurava a tentativa de reconstrução da funcionalidade da sociedade de anões (dos que ainda restavam), quando a estrela branca como a neve entrou num longo trecho de baixa atividade, um repouso merecido. Embora não se saiba bem como funciona o mecanismo por detrás, nesse tempo o planeta sofreu um arrefecimento substancial e entrou numa época glaciar das grandes. Sem preparação adequada e sem eletricidade os anões sucumbiram de vez e ficaram praticamente extintos.

“Finalmente o planeta que rodeia a estrela branca como a neve foi dominado por nós”, termina a barata o seu conto de uma antiga lenda aos seus 150 filhos mais recentes.

Notas do autor:
A moral da história é para cada um extrair como preferir.
A lição mínima da história é o nosso Sol ser de cor branca.
A atualidade celeste desta história é o Sol dirigir-se para o mínimo de atividade. Convém acompanhar com olho desconfiado esta fase, não venha o Sol alargar a duração do mínimo ainda mais que no último ciclo.



O aquecimento global atualmente verificado e com contribuição substancial do homem pode não só mudar o clima global em poucos anos (não décadas) mas terminará quase invariavelmente numa época glaciar. Um globo congelado já fez parte da vida da Terra. O oposto, um planeta sem água (dta.) é um futuro assegurado, quando a nossa estrela em aquecimento gradual, que é parte da sua evolução natural, evaporar todos os oceanos.


Fenómenos da semana
03.6. 07:25 Saturno em oposição
05.6. 04:01 Lua nova
05.6. 13:42 Mercúrio em máx. elongação oeste
06.6. 22:15 Vénus em conjunção superior

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