AVISO
Imagem do Dia
IC 1396 a cores
Ditos
"Eu aprendi a usar a palavra "impossível" com muita cautela."- Wernher von Braun
Trespassar desejado e perda de luz alheia
2016-05-05
6.Mai.- 12.Mai.2016 (Portugal)
Trânsitos das casas dos extraterrestres
Na procura de exo-planetas, ou seja, planetas em órbita de outras estrelas, existe, entre outras, uma forma de deteção chamada o método de trânsito. Sempre que um planeta em órbita transita frente da sua estrela mãe, alguma luz que sai dessa estrela fica presa no lado iluminado do planeta, luz que então não chega aos nossos instrumentos enquanto o trânsito perdura. Atendendo que uma estrela é gigantesca comparada com qualquer planeta que a orbita, consegue-se imaginar que a redução temporária do brilho da estrela é minúscula. Mesmo assim, este método funciona e permitiu descobrir quase 4000 candidatos a exo-planetas. Centenas de planetas assim descobertos já foram confirmados, dando até hoje um total, junto com os outros métodos existentes, de 1642 exo-planetas... um deles talvez um futuro lar para a humanidade ou o lar atual de... enfim, essa fica ao critério da imaginação. Seja como for, podemos descobrir mas não conseguimos ver o planeta em si, isso não.
Há trânsito e trânsito... o primeiro há todos os dias, o segundo é bem mais raro. Nestes dias há ainda outros tipos de trânsitos que vale a pena seguir.
Trânsito de Mercúrio
Na segunda-feira, dia 9 começando às 12:12h, temos o nosso próprio trânsito no sistema solar. O planeta Mercúrio transita em frente da nossa estrela, o Sol. Obviamente isto é um evento diurno e requer pelo menos binóculo devidamente equipado com filtro solar ou um método de projeção segura (Cuidado: o equipamento habitual tipicamente não é indicado para projeção.) Se precisar conselho ou tiver dúvidas quanto à viabilidade do instrumento ou com a segurança de quem possa observar, contacte-nos (ver em baixo). Todo o fenómeno demora até às 19:40h, embora a parte mais interessante são os 10 minutos da fase inicial, a entrada, e da fase final, a saída do planeta do disco solar. Para além de dar uma espreitadela, que se pode fazer com o trânsito de um planeta no sistema solar? Eis algumas ideias: Tentar observar/captar a eventualidade do assim chamado efeito de gota, a luz solar envolver mesmo a parte invisível do disco do planeta que está além do bordo solar (normalmente só com Vénus, mas quem sabe...). Junto com amigos/grupos situados noutros países registar os momentos chave do trânsito e reproduzir um dos ensaios mais engraçados da física: a experiência de Eratóstenes (determinar a circunferência da Terra). Ao mesmo tempo, com esta circunferência e medições exatas, levar a experiência com estes amigos/grupos distantes ainda mais para frente e determinar a distância efetiva entre Terra e Mercúrio. No caso de chover ou ficar encoberto, pode-se calcular a quota/percentagem de luz que Mercúrio vai tirar ao Sol enquanto em trânsito e determinar, se e com ques requisitos seria possível descobrir o nosso vizinho planetário da mesma forma como se descobre os exo-planetas.
Apesar do mesmo nome... é apenas o planeta Mercúrio que vai transitar frente do disco solar, não o deus romano ou o elemento químico. O próximo trânsito integralmente visível em Portugal só ocorre outra vez 33 anos menos 2 dias mais tarde. O próximo trânsito dá-se daqui a 3 anos, mas apenas se irá ver o início. Crédito: GRM
Trânsito para uns, ocultação para outros
Três dias antes, sexta-feira dia 6, é dia de lua nova, portanto boa altura para a observação dos astros. Mas há mais. A falta de luz lunar ajuda a detetar com meios fotográficos (vídeo) atrás de um telescópio um outro trânsito que ocorre antes do de Mercúrio no dia 9 às 2:59h. Aqui não é um planeta, mas o asteroide 508 Princetonia (mag. 13) que por perspetiva transita frente de um outro sol, que dá pela designação TYC 7361-00755-1 (mag. 12). Só que, os papeis estão invertidos. A estrela, certamente algo gigantesca como o nosso sol, por ser extremamente distante, só se apresenta como um ponto de luz no céu. O asteroide é minúsculo, mas por ser do sistema solar e daí mais perto de nós, consegue tapar a estrela quando passa a sua frente. A estrela é temporariamente ocultada e desaparece no telescópio por cerca de 10 segundos, ficando apenas a luz mais fraca do asteroide. Sendo totalmente tapado, não se trata de um trânsito no sentido lato e, em vez disso chama-se isto uma ocultação. O fenómeno só deve ser observável na ponta sul de Portugal, perto da terra dos vizinhos espanhóis. Porém, devido às pequenas discrepâncias na precisão dos dados orbitais que temos do asteroide, a ocultação pode-se dar até noutras partes mais a norte ou oeste, ou/e nem se confirmar nas regiões previstas. Estas ocultações servem principalmente para determinar o diâmetro e o contorno (a forma) dos asteroides, bem como a eventual descoberta de luazinhas que estes possam ter.
Nas ocultações de estrelas por asteroides, cada observador, conforme a latitude geográfica, vê a luz da estrela (uma linha colorida por cada observador) até esta repentinamente desaparecer (sem linha) e pouco depois reaparecer (continuação da linha). As horas exatas comunicadas por todos os observadores permitem criar um diagrama dentro do qual se cristaliza a forma do asteroide. Neste caso particular foi um asteroide duplo chamado 90 Antiope, cuja rendição artística se encontra do lado direito. Crédito: ESO, GRM
Trânsito aumentado, terra ocultada
Por causa da lua nova no dia anterior, há um outro evento extremamente interessante, aconselhado para participar e aberto para toda gente no fim de semana, dias 7 e 8. Trata-se do trânsito de largas dezenas de telescópios e dos seus donos por Moimenta da Beira (perto de Lamego, norte de Portugal) e a ocultação de parte do solo terrestre perto dessa localidade com estes mesmos telescópios. Este evento, a Concentração de Telescópios, vale a pena presenciar tanto de dia como de noite. Dá para conhecer e avaliar telescópios, falar com astrónomos amadores e amigos das estrelas, e espreitar por todos os telescópios até o sol nascer. Alias, até dá para observar uma estrela em pleno dia.
http://www.cm-moimenta.pt/frontoffice/pages/1003?event_id=487
https://sites.google.com/site/clubedascienciasmb/
Fenómenos da semana
6.5. 03:00 Máximo de atividade das η–Aquaridas (meteoros, máx. 5 por hora)
6.5. 20:29 Lua nova
9.5. 02:59 Asteroide 508 Princetonia oculta TYC 7361-00755-1
9.5. 12:12 Trânsito de Mercúrio - 1º contacto
9.5. 19:40 Trânsito de Mercúrio - 4º contacto
Contacto para as crónicas sobre a atualidade celeste: ceu@astronomia.pt
Trânsitos das casas dos extraterrestres
Na procura de exo-planetas, ou seja, planetas em órbita de outras estrelas, existe, entre outras, uma forma de deteção chamada o método de trânsito. Sempre que um planeta em órbita transita frente da sua estrela mãe, alguma luz que sai dessa estrela fica presa no lado iluminado do planeta, luz que então não chega aos nossos instrumentos enquanto o trânsito perdura. Atendendo que uma estrela é gigantesca comparada com qualquer planeta que a orbita, consegue-se imaginar que a redução temporária do brilho da estrela é minúscula. Mesmo assim, este método funciona e permitiu descobrir quase 4000 candidatos a exo-planetas. Centenas de planetas assim descobertos já foram confirmados, dando até hoje um total, junto com os outros métodos existentes, de 1642 exo-planetas... um deles talvez um futuro lar para a humanidade ou o lar atual de... enfim, essa fica ao critério da imaginação. Seja como for, podemos descobrir mas não conseguimos ver o planeta em si, isso não.
Há trânsito e trânsito... o primeiro há todos os dias, o segundo é bem mais raro. Nestes dias há ainda outros tipos de trânsitos que vale a pena seguir.
Trânsito de Mercúrio
Na segunda-feira, dia 9 começando às 12:12h, temos o nosso próprio trânsito no sistema solar. O planeta Mercúrio transita em frente da nossa estrela, o Sol. Obviamente isto é um evento diurno e requer pelo menos binóculo devidamente equipado com filtro solar ou um método de projeção segura (Cuidado: o equipamento habitual tipicamente não é indicado para projeção.) Se precisar conselho ou tiver dúvidas quanto à viabilidade do instrumento ou com a segurança de quem possa observar, contacte-nos (ver em baixo). Todo o fenómeno demora até às 19:40h, embora a parte mais interessante são os 10 minutos da fase inicial, a entrada, e da fase final, a saída do planeta do disco solar. Para além de dar uma espreitadela, que se pode fazer com o trânsito de um planeta no sistema solar? Eis algumas ideias: Tentar observar/captar a eventualidade do assim chamado efeito de gota, a luz solar envolver mesmo a parte invisível do disco do planeta que está além do bordo solar (normalmente só com Vénus, mas quem sabe...). Junto com amigos/grupos situados noutros países registar os momentos chave do trânsito e reproduzir um dos ensaios mais engraçados da física: a experiência de Eratóstenes (determinar a circunferência da Terra). Ao mesmo tempo, com esta circunferência e medições exatas, levar a experiência com estes amigos/grupos distantes ainda mais para frente e determinar a distância efetiva entre Terra e Mercúrio. No caso de chover ou ficar encoberto, pode-se calcular a quota/percentagem de luz que Mercúrio vai tirar ao Sol enquanto em trânsito e determinar, se e com ques requisitos seria possível descobrir o nosso vizinho planetário da mesma forma como se descobre os exo-planetas.
Apesar do mesmo nome... é apenas o planeta Mercúrio que vai transitar frente do disco solar, não o deus romano ou o elemento químico. O próximo trânsito integralmente visível em Portugal só ocorre outra vez 33 anos menos 2 dias mais tarde. O próximo trânsito dá-se daqui a 3 anos, mas apenas se irá ver o início. Crédito: GRM
Trânsito para uns, ocultação para outros
Três dias antes, sexta-feira dia 6, é dia de lua nova, portanto boa altura para a observação dos astros. Mas há mais. A falta de luz lunar ajuda a detetar com meios fotográficos (vídeo) atrás de um telescópio um outro trânsito que ocorre antes do de Mercúrio no dia 9 às 2:59h. Aqui não é um planeta, mas o asteroide 508 Princetonia (mag. 13) que por perspetiva transita frente de um outro sol, que dá pela designação TYC 7361-00755-1 (mag. 12). Só que, os papeis estão invertidos. A estrela, certamente algo gigantesca como o nosso sol, por ser extremamente distante, só se apresenta como um ponto de luz no céu. O asteroide é minúsculo, mas por ser do sistema solar e daí mais perto de nós, consegue tapar a estrela quando passa a sua frente. A estrela é temporariamente ocultada e desaparece no telescópio por cerca de 10 segundos, ficando apenas a luz mais fraca do asteroide. Sendo totalmente tapado, não se trata de um trânsito no sentido lato e, em vez disso chama-se isto uma ocultação. O fenómeno só deve ser observável na ponta sul de Portugal, perto da terra dos vizinhos espanhóis. Porém, devido às pequenas discrepâncias na precisão dos dados orbitais que temos do asteroide, a ocultação pode-se dar até noutras partes mais a norte ou oeste, ou/e nem se confirmar nas regiões previstas. Estas ocultações servem principalmente para determinar o diâmetro e o contorno (a forma) dos asteroides, bem como a eventual descoberta de luazinhas que estes possam ter.
Nas ocultações de estrelas por asteroides, cada observador, conforme a latitude geográfica, vê a luz da estrela (uma linha colorida por cada observador) até esta repentinamente desaparecer (sem linha) e pouco depois reaparecer (continuação da linha). As horas exatas comunicadas por todos os observadores permitem criar um diagrama dentro do qual se cristaliza a forma do asteroide. Neste caso particular foi um asteroide duplo chamado 90 Antiope, cuja rendição artística se encontra do lado direito. Crédito: ESO, GRM
Trânsito aumentado, terra ocultada
Por causa da lua nova no dia anterior, há um outro evento extremamente interessante, aconselhado para participar e aberto para toda gente no fim de semana, dias 7 e 8. Trata-se do trânsito de largas dezenas de telescópios e dos seus donos por Moimenta da Beira (perto de Lamego, norte de Portugal) e a ocultação de parte do solo terrestre perto dessa localidade com estes mesmos telescópios. Este evento, a Concentração de Telescópios, vale a pena presenciar tanto de dia como de noite. Dá para conhecer e avaliar telescópios, falar com astrónomos amadores e amigos das estrelas, e espreitar por todos os telescópios até o sol nascer. Alias, até dá para observar uma estrela em pleno dia.
http://www.cm-moimenta.pt/frontoffice/pages/1003?event_id=487
https://sites.google.com/site/clubedascienciasmb/
Fenómenos da semana
6.5. 03:00 Máximo de atividade das η–Aquaridas (meteoros, máx. 5 por hora)
6.5. 20:29 Lua nova
9.5. 02:59 Asteroide 508 Princetonia oculta TYC 7361-00755-1
9.5. 12:12 Trânsito de Mercúrio - 1º contacto
9.5. 19:40 Trânsito de Mercúrio - 4º contacto
Contacto para as crónicas sobre a atualidade celeste: ceu@astronomia.pt