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NGC 6888 - Nebulosa do Crescente

Ditos

"Nunca deixe o seu senso de moral impedi-lo de fazer o que é certo."
- Isaac Asimov


Cenas matinais

2016-02-04
5.Fev.- 11.Fev.2016 (Portugal)

Já faz algum tempo que todos os planetas visíveis ao olho desarmado podem ser vistos no céu no mesmo momento. Sempre havia um ou outro que estava escondido perto ou por detrás do Sol ou simplesmente no lado oposto do céu. Esta semana isto é diferente, se bem que apenas por poucos dias.

Este mostruário do melhor que há no Sistema Solar requer uma saída cedo de manhã. A partir das 6 e meia da manhã com boa vista para o horizonte este nota-se o aparecimento das constelações do verão. Estas fazem o pano de fundo para os planetas mais notórios. Marte é provavelmente aquele que custa mais a identificar. Nasce depois da 1 da manhã com a constelação Libra. A Libra tem estrelas pouco brilhantes e custa reconhecer. Ajuda a proximidade do Escorpião, o qual segue a Libra, e cujo asterismo das suas pinças e cauda curvada é único na esfera celeste. Marte é simplesmente a luz mais vermelha-alaranjada a oeste (direita) dessas pinças.

O Escorpião por sua vez alberga Saturno, cuja luz mais acentuada branca amarelada (cor depende um pouco da atmosfera) encontra-se ligeiramente afastado do asterismo principal do Escorpião. Saturno nasce pelas 3:20 h.

Na hora acima referida e até o clarão do dia estragar a paisagem estrelada, a constelação do Sagitário levanta-se no céu. Dentro dela encontram-se os dois planetas interiores à orbita da Terra. Vénus, mais luminoso e mais alto, e Mercúrio mais perto do horizonte. Um aspeto meramente para levar na mente quando se olha para Vénus, pelo menos no dia 6, é a proximidade entre Vénus e Plutão. Apenas um grau angular separam os dois. Porém, Plutão nem num telescópio seria identificável tão perto do nascer do Sol, do horizonte e por entre milhares de estrelas que ocupam mesmo os mais pequenos campos de visão. Nessa manhã, do dia 6, Vénus, Mercúrio e, por associação, Plutão também, são visitados pela lua minguante. Caso a paisagem o permita, este seria uma excelente oportunidade para obter uma bela fotografia desses três corpos celestes.



O céu mostra de uma só vez todos os planetas conhecidos aos povos antigos. Todos pairam sobre o horizonte do céu matinal, deste Mercúrio, o mais perto do Sol, até Saturno, o mais afastado. Que a proximidade direta com a Terra não significa maior brilho, prova o planeta Marte, o mais difícil de identificar. No dia 6, a Lua, considerada planeta pela gente da antiguidade, junta-se a Vénus. A ilustração mostra o céu do dia 6 às 6:50 horas. Basta esperar nem uma hora para ter o Sol sobre o horizonte. O Sol em tempos também era visto como fazendo parte dos planetas. Assim, numa só hora completa-se o Sistema Solar a vista de todos como era conhecido até fins do século XVIII.


Falta apenas referir Júpiter. O gigante gasoso, de cor branco sujo, já está no céu quase a noite toda, pois nasce pouco antes das 21h. Júpiter encontra-se encalhado entre o Leão e a Virgem. O maior planeta que temos por aqui é a luz do meio entre a estrela branca azulada Régulo/Leão e a luz forte branca da Espiga/Virgem. Todavia, muito espaço de céu há entre cada um.

Ao lado de Saturno há uma estrela com luz fortemente avermelhada. Trata-se da estrela principal do Escorpião que dá pelo nome de Antares. A palavra Antares deriva do antigo grego e significa “igual a Ares”. Ares é o nome grego do deus da guerra. No BI das divindades romanas este mesmo circulava sob o nome de Marte. Portanto, Antares foi considerado igual a Marte. Ainda existe uma certa dúvida quanto ao nome ter essa origem ou se provém de Antar, um herói das lendas árabes. Serve esta semana da proximidade entre Marte, o planeta, e igual-a-Marte, a estrela, para fazer a comparação entre os dois e cada um decidir por si sobre a possível origem da designação. Pelo menos até ser descoberto algum documento antigo que possa resolver esta questão.




Pergunta do mês
Num telescópio ou luneta Mercúrio mostra-se atualmente meio iluminado, enquanto Vénus esta quase cheia. Como esta diferença de fase é possível, se ambos estão do mesmo lado da nossa estrela (oeste do Sol)?

Envie a tua resposta, diagrama ou mesmo só tentativa de explicação, para fev2016@astronomia.pt. Entre todas as respostas razoavelmente corretas é sorteado um conjunto de postais com imagens de objetos do céu profundo. (data limite 24.Fev.2016 Todas as nossas decisões são finais).