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"Na ciência, o crédito vai para o homem que convence o mundo, não para o homem que primeiro teve a ideia."
- Sir Francis Darwin


Ilusão de realidade

2015-10-22
23.Out.-29.Out 2015 (Portugal)

Se, algures no outro lado da terra, um gato faz uma gracinha frente a uma câmara ligada à internet, nem um minuto depois, já se fala disso numa aldeia no meio do Alentejo. Quando levanta dinheiro num ATM no estrangeiro, antes do seu dinheiro sair na ranhura da máquina, o seu banco, o Banco de Portugal, a NSA (e é melhor nem imaginar quem mais) já sabem por onde anda e quanto dinheiro mais terá no seu bolso. Esta é a realidade que o mundo de hoje nos oferece.


O que se vê, na verdade já não existe. Crédito: NUCLIO/PUB.
Todavia, quem aprecia as coisas que há no céu, enfrenta uma realidade algo questionável. Imagine presenciar um lindo pôr-do-sol. Vê o disco solar tocar no horizonte, o céu banhado em todas as cores naturais imagináveis e sente a alma recarregar as pilhas. Infelizmente isto não é a realidade. O sol que vê lá no horizonte já não está lá há alguns minutos. Visto de fora está a olhar intensamente para...nada, absolutamente nada, um céu bem colorido mas totalmente vazio. Devido à assim chamada refração atmosférica, na realidade, o sol já está bem por baixo da linha do horizonte, apenas presenciamos uma projeção do mesmo.

Uma outra distorção da realidade são todas as luzes do céu. Devido ao tempo que a luz precisa para chegar aos nossos olhos, a luz solar que vemos saiu da nossa estrela pelo menos 8 minutos antes.

No céu matinal temos atualmente uma conjunção dos planetas Júpiter, Vénus e Marte, com Mercúrio também não muito longe. Aliás, na noite de domingo, dia 25, Júpiter estará apenas a um grau angular do planeta Vénus (Vénus é o mais brilhante). Enquanto a luz de Vénus, quando atinge a nossa retina, tem pouco mais de 5 minutos de idade, a luz do planeta Júpiter vem com quase uma hora de atraso, 50 minutos para ser mais preciso.

Portanto, a realidade que pensamos ver já não existe. Em vez disso temos ao mesmo tempo inúmeras realidades distintas.

Outra distorção da realidade ocorre às 2 horas de domingo, dia 25. Manda a lei, nas palavras do decreto lei 17/96 de 8 de Março, que naquele momento a hora legal passe das 2 horas para 1 hora. Ou seja, passamos os mesmos sessenta minutos duas vezes seguidas. Pergunta o detetive da polícia ao suspeito onde este se encontrava entre a 1 e as 2 da manhã. Realidade número 1: estava a arrombar uma caixa ATM; Realidade número 2: estava pagar uma rodada a toda gente num bar a uma boa distância do dito ATM.

Segunda-feira, dia 26, depois das 22 horas e até ao nascer do sol, a terra passa, no seu caminho em torno do sol, por outro rasto de poeiras e partículas (meteoroides) deixadas pelo cometa Halley. Com alguma sorte teremos portanto um segundo pico de atividade da chuva de meteoros chamada Orionidas. Comparado com outros, os meteoroides das Orionidas são muito velozes, penetrando a nossa atmosfera com mais de 65 km por segundo. Voltando para os assuntos relacionados com a realidade, isto corresponde a uma velocidade de 234.000 km/h e faria estragos significativos em qualquer objeto que estivesse no seu caminho.