Satélites



Imagens globais de Io, Europa, Ganimedes e Calisto. Io, o objecto mais volcánico do Sistema Solar. As cores são devido a diversos combinações de enxofre, cuspido pelas centanas de volcões. O grande anel cor de laranja são depósitos do volcão Pele. Crédito: NASA
O satélite Io é o mundo mais vulcânico do Sistema Solar. As câmaras da Galileo descobriram um grande número de vulcões novos, e conseguiram seguir a evolução de alguns deles. Podem existir mais de 300 vulcões activos na superfície de Io. A superfície de Io está literalmente sempre a mudar, e é uma das mais recentes do Sistema Solar. Não existe nenhum traço de crateras de impacto, pois a lava cobre tudo.

A fonte de energia dos vulcões é a força de maré: como a órbita de Io é forçadamente não circular, estas forças mudam ao longo da trajectória de Io à volta de Júpiter, e amassam literalmente o satélite. Isto faz com que o seu interior se mantenha quente e líquido e provoca a actividade vulcânica.

A superfície de Europa também é umas das mais recentes do Sistema Solar. Com as informações dos dados da Galileo foi possível determinar que não deve ter mais que 50 milhões de anos, as zonas mais jovens podem ter só 500 mil anos. Em termos geológicos, é extremamente recente. Contem muito poucas crateras e é extremamente plana. As imagens fazem lembrar a uma camada de gelo quebrado, em que as placas flutuam e rodam. Esta e outras observações indicam que entre a camada de gelo à superfície, e o núcleo rochoso existe uma zona que tem água líquida ou um gelo muito mole. Uma das observações foi o efeito que Europa exerce, na sua vizinhança, sobre o campo magnético de Júpiter. Com os dados da Galileo foi possível concluir que Europa não tem um campo magnético próprio, como tem Ganimedes (ver abaixo), mas distorce o campo de Júpiter. Isto pode ser explicado por correntes de água salgada num eventual oceano sob a crosta de Europa. Até à data este continua a ser um assunto sob o escrutínio dos cientistas. Durante algum tempo, o núcleo rochoso e a camada de gelo de Europa, que tem uns 150 km de espessura, rodaram de forma independente. Isto pode ainda estar a acontecer e está também ligado às forças de maré.

Se existir um oceano de água líquida, será possível existirem formas de vida? Nós sabemos que nos oceanos terrestres vivem bactérias e outros seres em condições extremas, imagináveis (muito frias, muito quentes, sem luz, etc.). Talvez possa haver geisers subaquático, como no oceano terrestre, que existem por causa do aquecimento pela energia das forças de maré. São especulações e não passam de disso... por enquanto. No entanto, o interesse em Europa cresceu muito, e no futuro haverá missões dedicadas ao seu estudo.

Ganimedes é o maior satélite do Sistema Solar, maior até que o planeta Mercúrio. Os instrumentos da Galileo descobriram que Ganimedes tem um campo magnético próprio, estando o satélite dentro do gigantesco e fortíssimo campo magnético de Júpiter. Isto quer dizer que o seu interior deve ser parcialmente fundido. Aliás, Ganimedes tem um núcleo metálico-rochoso do tamanho de Io, o resto do planeta é gelo. As imagens mostraram que a superfície é velha (com muitas crateras) embora existam algumas zonas mais recentes.

Calisto tem de facto a superfície mais antiga de todos os quatro grandes satélites de Júpiter. Está cheia de crateras, aliás, não há sítio que não tenha uma ou mais crateras. Sempre se pensou que era um objecto homogéneo, ou seja, uma mistura homogénea de rochas (60 %) e gelos (40 %). Isto em contraste com os outros satélites, que são diferenciados: têm um núcleo pesado e rochoso, e uma crusta mais leve composta de gelos. No entanto, as medições da Galileo mostraram que isto não é bem verdade, ou seja, Calisto não é de facto diferenciado, mas também não é completamente homogéneo. Mais espantoso ainda, à semelhança de que foi visto em Europa, Calisto também deforma o campo magnético de Júpiter na sua vizinhança. Isto indicará a existência de correntes de gelo mole ou até água líquida salgada por baixo da crosta!! Mais estudos serão necessários para confirmar ou não esta hipótese.