A Estadia


Desde o dia 7 de Dezembro de 1995 a Galileo orbita Júpiter. A missão nominal estava para durar dois anos. Neste tempo, a Galileo completou onze órbitas completas à volta do planeta. As órbitas, que duravam uns 2 meses cada uma, eram muito elípticas, e faziam com que a Galileo passasse mais tempo longe do planeta que perto dele. O ponto mais afastado variava de órbita para órbita, entre 80 a 150 vezes o raio do Júpiter, que é de 71400 km. O ponto mais próximo variava entre 2,5 e 10 vezes o raio de Júpiter. Em cada passagem perto do planeta, a Galileo passava também perto de um dos quatro grandes satélites, Io, Europa, Ganimedes e Calisto. A distância mínima entre a sonda e um satélite variava entre 200 km a 3500 km. Cada órbita tem uma designação, p.e. E4, quer dizer que foi a quarta órbita da Galileo à volta de Júpiter, e que a lua visitada de perto foi a Europa.

Após os dois anos de missão nominal, e oito anos depois do lançamento, a sonda e os seus instrumentos ainda estavam em excelentes condições. Havia carburante suficiente para manter a sonda durante mais alguns anos à volta de Júpiter (o principal uso do carburante é durante as correcções de órbitas, para guiar a sonda na sua órbita seguinte em direcção ao satélite escolhido). Além disso, as análises preliminares dos dados científicos já recolhidos indicavam que ainda havia muito para descobrir e responder. Sobretudo tinham sido encontrados resultados inesperados sobre o satélite Europa. A NASA decidiu estender a missão por mais outros dois anos, até Dezembro de 1999, com o principal alvo, o satélite Europa. Foram mais 14 órbitas: a Missão Europa.

Galileo sobreviveu e funcionou muito bem, embora se começasse a notar algum envelhecimento, e algumas falhas ao nível da instrumentação, o que era perfeitamente normal.

Como no período de finais de 2000 e inícios de 2001, a sonda Cassini a caminho de Saturno, ia passar perto de Júpiter e também por pressão da comunidade científica, a NASA decidiu extender outra vez a operação da Galileo. Missão Milénio foi o nome dado a essa extensão.

No fim, no dia 21 de Setembro de 2003, após de 35 órbitas, e com a maior parte dos instrumentos já desligados, a Galileo colidiu, intencionalmente, com Júpiter. Seguiu o mesmo caminho que tinha feito o módulo, fazendo uma gigantesca estrela cadente no céu joviano, e desintegrar-se-á por completo no interior do maior planeta do Sistema Solar. Os seus átomos integrarão literalmente Júpiter. A decisão de fazer colidir a Galileo com o planeta foi justificada, pois se a NASA ia deixar de operar a nave, um dia mais cedo ou mais tarde iria colidir com o planeta, ou uns dos seus satélites. Foi precisamente isso, que se quis evitar. Os satélites gelados (Europa, Ganimedes e Calisto) têm muito provavelmente oceanos de água líquida por baixo das suas espessas camadas de gelo, e quiçá, vida. Deixada ao acaso a Galileo poderia acabar por poluir um satélite potencialmente portador de vida. Já poluímos o nosso próprio planeta, com as consequências bem conhecidas!